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Dos sete homicídios da cidade, três envolveram políticos

Em menos de 50 anos de existência, município teve 2 prefeitos assassinados; ‘Aqui é assim, na bala’, diz vereador veterano

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Por Diego Zanchetta e Paulo Saldaña
Atualização:

JANDIRA - Walderi Braz Paschoalin é o segundo prefeito assassinado em Jandira, cidade marcada por crimes contra políticos em apenas 47 anos de emancipação. Das sete vítimas de homicídios registrados na cidade este ano, três tinham carreira política e pertenciam ao grupo de Paschoalin.

 

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Em julho, durante a campanha eleitoral, o ex-vereador Waldomiro Moreira de Oliveira (PDT), conhecido como Mineiro, de 49 anos, foi morto com cinco tiros no peito e cabeça em frente de casa. O pedetista foi acusado de compra de votos. A polícia aponta que o ex-vereador foi vítima de assalto.

 

Três semanas depois da morte de Mineiro, o suplente de vereador Antonio Ivo Aureliano, o Ivo do Gás, também do PDT, foi morto com vários disparos na cabeça, na mesma rua onde vivia o colega de partido. Para a polícia, não houve relação entre os dois assassinatos. A versão é de assalto praticado por dois homens em uma moto. As duas mortes levaram Paschoalin e o deputado estadual João Caramez (PSDB), seu padrinho político, a solicitarem mais policiamento na cidade ao secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.

 

Nesta sexta, os vereadores de Jandira contavam os casos de emboscadas e tentativas de assassinatos na cidade. O atual presidente da Câmara Municipal, Wesley Teixeira (PSB), é filho de Dorvalino Abílio Teixeira, morto em casa em 1983, quando era prefeito de Jandira. Na época, a polícia concluiu que ele foi vítima de latrocínio (assalto seguido de morte), mas até hoje há quem veja motivação política.

 

Vereador mais antigo da Câmara e líder do PSDB, Henrique Francisco de Alexandria, de 64 anos, diz ter escapado da morte duas vezes porque andava armado. "Aqui sempre foi assim, na bala. Em 1993, eu era presidente da Câmara e não morri porque acertei antes dos bandidos", contou. A mais recente emboscada ocorreu em 2006, segundo o vereador. Sem poder andar armado, Alexandria fala em deixar a cidade. "Agora estou realmente assustado. Cansei desse clima de medo, vou embora."

 

Seu colega Wilson Coelho (PDT), de 48 anos, está no segundo mandato e diz ter sobrevivido a um atentado há dois anos. Ele conseguiu pular do carro dos bandidos que o haviam capturado. "Investigamos muita coisa errada e isso gera raiva nos bandidos", afirmou.

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