
19 de janeiro de 2021 | 11h50
A aprovação da Coronavac para uso emergencial e o início da vacinação no Estado de São Paulo no último domingo, 17, deram ao governador João Doria (PSDB) um novo “fôlego” nas redes sociais. Segundo levantamento da consultoria BITES, feito a pedido do Estadão, o tucano superou o ganho de seguidores do presidente Jair Bolsonaro nos últimos dias.
Entre 16 e 18 de janeiro, o governador somou 47,5 mil novos seguidores nas principais redes sociais. Bolsonaro conquistou bem menos, 11 mil.
A vantagem do tucano se dá no momento em que o governo do Estado conseguiu iniciar a vacinação antes do Ministério da Saúde. No domingo, minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso emergencial da Coronavac, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira brasileira a receber uma dose no País. Na ocasião, Doria aproveitou para criticar o governo federal: "É o triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte, ao invés do valor e da alegria da vida”.
A guinada de seguidores nas redes sociais do governador representa um “ponto de inflexão” importante na disputa digital do governador contra o presidente Jair Bolsonaro, disse Manoel Fernandes, diretor da BITES. “Mas o governador de São Paulo precisará ter um conjunto de variáveis a seu favor para manter a vantagem iniciada no domingo.”
No recorte mensal, que leva em consideração os últimos trinta dias, Bolsonaro tem um ganho de seguidores bem superior a Doria. De acordo com o levantamento, o presidente conquistou 114 mil pessoas em suas redes, contra quase 70 mil do tucano. Em outras métricas, o chefe do Executivo estadual aparece bem atrás - como em citações no Twitter e interações nas redes sociais Twitter, Facebook e Instagram.
Fernandes acredita que o número maior de seguidores não significa uma onda de apoio a Doria, mas um fluxo contrário a Bolsonaro. Ele cita como exemplo o fato de a hashtag #adeusbolsonaro estar entre as mais associadas ao nome de governador. “Doria precisará se manter na narrativa com fatos que chamem atenção de seus aliados e potenciais eleitores em 2022. Mas ainda não temos ‘Doristas’, e, sim, muitos bolsonaristas.”
A “ultrapassagem” de seguidores nos últimos dias reflete a vitória política de Doria sobre Bolsonaro na corrida pela vacina, disse o cientista político Eduardo Grin, professor da FGV-SP. “Havia uma disputa política evidente para saber quem seria o primeiro a aparecer na foto com a vacina sendo aplicada. Como uma imagem vale muito, a população tende a se guiar por isso.”
Apesar de ser uma marca importante para a gestão do governador, a vacina não será suficiente para “catapultar” uma candidatura competitiva em 2022, disse o cientista político. "Ele deverá achar um mote de campanha que mostre para a sociedade que ele não é apenas oposição a Bolsonaro, que tem propostas para resolver problemas como desemprego. E como um candidato paulista, ainda vai precisar gastar muita sola de sapato para se tornar conhecido da população (no âmbito nacional).”
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