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Dois sem-terra presos têm ficha criminal

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre os 16 sem-terra presos pela Polícia Federal neste domingo, após a desocupação da Fazenda Córrego da Ponte, da família do presidente Fernando Henrique Cardoso, há pelo menos dois com ficha criminal. Segundo levantamentos feitos pela PF, que mantém os nomes em sigilo, um dos detidos já foi processado por contrabando, enquanto outro, por roubo. Nesta terça-feira, peritos federais foram à propriedade para fazer o levantamento dos danos causados durante a invasão e constatou que houve furto desde panelas até ferramentas. Nenhum dos 16 presos prestaram depoimentos na PF, preferindo somente falar em juízo. Por isso, toda a apuração será feito baseado nas investigações que estão sendo feitas tanto na fazenda, na cidade de Buritís e no acampamento onde os sem-terra se concentraram antes da ocupação. A PF também está averiguando quando foi tomada a decisão de realizar a invasão, que surpreendeu os setores de inteligência do governo. O caso, que estava sob a jurisdição da Justiça de Buritis, foi encaminhado nesta terça-feira para a Justiça Federal em Brasília, que cuidará, a partir de agora, dos processos sobre a invasão da fazenda dos filhos de Fernando Henrique. A ocupação ocorreu na madrugada do último sábado, mas não durou nem 24 horas. Na manhã de domingo, após negociação, a PF retirou os invasores de forma pacífica. Segundo fontes da PF, os sem-terra podem ser indiciados pela prática de pelo menos seis tipos de crime: invasão de domicílio, danos, furto, desobediência à ordem judicial, cárcere privado e possivelmente formação de quadrilha. "O próprio Código Penal diz que, quando há a união de mais de cinco pessoas num crime, é formação de quadrilha ou bando", afirmou um delegado da cúpula da PF. Ao mesmo tempo em que a PF está fazendo o levantamento da ficha criminal de cada um dos 16 presos, peritos e delegados seguiram para a Fazenda Córrego da Ponte para avaliar os danos à propriedade e interrogar os 15 funcionários que foram mantidos em cárcere privado durante toda a invasão. Se ficar comprovado que todos foram impedidos de deixar a área, a situação dos sem-terra pode se complicar, tornando o crime inafiançável. Outro levantamento feito pelo setor de inteligência da Superintendência da PF em Brasília, constatou que um dos sem-terra presos já esteve à frente de uma ocupação em Goiás, quando também foi preso pela Polícia Militar do Estado. E o outro esteve em várias ocupações feitas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema. "Encontramos também, até agora, dois deles com fichas criminais, por contrabando e roubo. Estamos verificando que houve condenação", explica um delegado da PF envolvido nas investigações.

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