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Documentos entregues à PF comprometem Jader ainda mais

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal recebeu nesta segunda-feira um lote de documentos, enviados do Pará, que aumentam ainda mais as suspeitas de irregularidades praticadas pelo atual presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), quando era ministro da Reforma Agrária, no governo Sarney. São decretos, ações e outros papéis referentes a desapropriações de terras e pagamentos de Títulos da Dívida Agrária (TDAs) que foram anexados ao inquérito que apura a participação do empresário Vicente de Paula Pedrosa da Silva na intermediação da venda de títulos da Fazenda Paraíso, no interior do Pará, em favor de Jader. Os documentos, coletados no Arquivo Público do Pará e em cartórios do Estado, foram entregues à PF pelo advogado Gildo Ferraz, subprocurador aposentado, que prestou depoimento na manhã desta segunda-feira. Nos papéis, há indícios de que muitos processos receberam tratamento prioritário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) por determinação de Jader. A PF vai avaliar a seqüência da liberação de indenizações, sempre pagas em TDAs, e os valores estabelecidos na época da desapropriação. Para analisar os documentos, que podem apontar novos caminhos para as investigações, o delegado que apura o caso, Luiz Fernando Ayres Barbosa, transferiu para a próxima semana os depoimentos do ex-banqueiro Serafim Rodrigues de Morais e sua mulher Vera Arantes Campos. Os dois, que teriam pago US$ 1,4 milhão para Vicente de Paula pelas TDAs, seriam ouvidos na sexta-feira, em São Paulo, mas o depoimento foi adiado para a próxima quarta-feira. O delegado também estuda a quebra de sigilo telefônico não só de Vicente de Paula, mas mas também do casal, para verificar o grau de relacionamento que tinham na época. A PF não descarta, durante as investigações, rastrear as contas telefônicas de Jader quando era ministro da Reforma Agrária. Nesta terça-feira, o delegado envia para a Justiça Federal o pedido de quebra de sigilo telefônico e fiscal dos três e de Diana Maria Guimarães de Paula, mulher de Vicente e sócia em uma de suas empresas. No depoimento que prestou nesta segunda na PF, Gildo Ferraz confirmou que foi o autor do gravação onde o ex-banqueiro e sua mulher afirmam ter visto Jader no hall do Hotel Hilton, em São Paulo, pouco depois de pagarem a Vicente pelas TDAs. Praticamente Ferraz nada acrescentou em relação ao caso, apenas detalhou fatos já conhecidos desde a semana passada. Nesta segunda-feira, o presidente do Senado voltou a se defender das acusações de compra de TDAs, a relação com antigos fraudadores da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e as fraudes no Banco do Estado do Pará (Banpará), divulgadas no fim de semana pela imprensa. Jader chegou a encaminhar um ofício ao Corregedor parlamentar do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), pedindo a apuração dos fatos, principalmente do episódio dos títulos agrários. O senador quer, principalmente, que Tuma faça o rastreamento dos documentos bancários e os beneficiários da operação. "Os fatos continuam sendo divulgados de forma leviana, distorcendo o claro desmentido contido nos depoimentos", reclamou o presidente do Senado a Romeu Tuma, referindo-se aos depoimentos tomados pelo corregedor, na semana passada, em São Paulo, de Serafim de Morais e sua mulher, Vera Campos. O casal não confirmou que tivesse visto o então ministro recebendo um cheque de US$ 1,4 milhão das mãos de Vicente Pedrosa, o suposto intermediário da venda das TDAs. Segundo Jader, em nenhum momento figurou como réu no processo da vendas dos títulos, afirmando que tanto o Tribunal de Contas da União (TCU) julgou regulares suas contas no período, como o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou as denúncias por considerá-las improcedentes. "A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Incra, chamados à ação popular, consideraram legal e correto o ato do ex-ministro no assunto", diz a nota distribuida pela assessoria do presidente do Senado. Jader também se defendeu, novamente, das acusações de que teria desviado dinheiro do Banpará. "Qualquer tentativa diversa com base na apuração do episódio é apenas mais uma leviandade contra o senador, nesta campanha fascista para atingir sua imagem", afirma nota da assessoria de Barbalho.

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