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D.Lucas estava no hospital há uma semana

Por Agencia Estado
Atualização:

O cardeal brasileiro Dom Lucas Moreira Neves morreu, neste domingo, aos 76 anos, por volta das 13h, no Vaticano, em Roma (horário local). De acordo com informações de familiares, Dom Lucas estava internado desde o último domingo, no Hospital Pio XI. Porém, neste domingo, no início da tarde, teve complicações renais agravada pela diabetes. O Vaticano ainda não forneceu informações sobre a causa da morte do religioso. A prima de Dom Lucas, Estela Neves Vale, embarca ainda neste domingo com destino a Roma para providenciar a transferência do corpo do religioso ao Brasil, para que seu enterro seja feito em São João del-Rei, sua terra natal. De acordo com Valmir Lombelo, primo de Dom Lucas, o estado de saúde do religioso se manteve estável durante toda a semana, mas, neste domingo, Dom Lucas acabou não resistindo às complicações renais agravadas pela diabetes. "A notícia nos pegou de surpresa, pois as informações que tínhamos era de que seu estado clínico era estável. Agora iremos tentar a transferência de seu corpo para o Brasil, para que seu sepultamento seja feito em São João del-Rei, ao lado da família e dos mineiros", informou. No Vaticano há 13 anos, onde já chegou a ocupar, simultaneamente, oito cargos, Dom Lucas completaria 78 anos no próximo dia 16 de setembro. A rígida educação mineira do cardeal, nascido em São João del-Rei (a 16 de setembro de 1925), primo distante do ex-presidente Tancredo Neves - de quem, como costuma dizer, "era mais amigo do que parente" -, fez dele um homem de idéias conservadoras. Mas o jeito afável e a boa conversa conquistavam qualquer um, até o papa João Paulo II, de quem se tornou um dos principais interlocutores. Por causa da estreita amizade entre os dois, surgiram boatos, em 1995, no meio eclesiástico, de que o cardeal brasileiro seria o possível sucessor de João Paulo II. Na época, Dom Lucas negou com bom humor as cogitações: "Eu, papa? Só se galinha nascer com dente!" Quando assumiu a presidência da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1998 (depois de ter concorrido ao mesmo cargo e perdido em 1991), facilitou o fim da inimizade entre a entidade e o Vaticano, alimentada durante o período do regime militar. Sua eleição preocupou os bispos e padres progressistas, que pensaram que chegariam ao fim os trabalhos de assistência social da CNBB. Mas assim que sentou na nova cadeira, Dom Lucas fez questão de acalmá-los, quando recriminou a atitude do presidente Fernando Henrique Cardoso, que, em visita ao papa, criticou o apoio dos bispos brasileiros ao Movimento dos Sem-Terra.

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