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'Dizer que Dilma está à esquerda de Lula é besteira', diz Paulo Bernardo

Segundo ministro do Planejamento, eventual governo Dilma 'manteria a política fiscal austera e o controle da inflação'.

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Por Asdrubal Figueiró
Atualização:

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que "dizer que Dilma (Rousseff) está à esquerda de Lula é uma besteira". A declaração foi feita em entrevista exclusiva à BBC Brasil antes da aclamação da ministra como candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República. Segundo Paulo Bernardo, um eventual governo Dilma Rousseff "manteria a política fiscal austera e o controle da inflação". "Isso está acordado. Vai ter superávit (fiscal) na medida em que for necessário. Aliás, isso já vem lá de trás, da Carta aos Brasileiros", disse Bernardo em referência ao manifesto divulgado por Luiz Inácio Lula da Silva, quando candidato em 2002, comprometendo-se a respeitar os contratos e manter as políticas de superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante. O debate sobre a orientação ideológica de um eventual governo Dilma Rousseff voltou recentemente às manchetes no Brasil e chegou ao exterior. Há duas semanas, em entrevista ao jornal Miami Herald, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a ministra-chefe da Casa Civil "tem o coração mais à esquerda". "Ela é mais - talvez isso seja um pouco duro - dogmática. Ela tem uma visão ultrapassada, a favor de uma maior interferência do Estado (na economia)", disse FHC, segundo o jornal. Documento interno A discussão tomou fôlego com a publicação no começo de fevereiro pelo jornal O Estado de S. Paulo de um documento interno do PT com propostas para o programa de governo do partido para as próximas eleições. Na versão final aprovada no Congresso do partido nesta sexta-feira, o texto sugere o fortalecimento de empresas estatais e o controle do câmbio como medidas "que deve tomar um verdadeiro governo do PT". Ricardo Berzoini, que está deixando a presidência do partido, disse, no entanto, que as diretrizes são o início de um "processo" e que o programa final de governo da ministra Dilma terá ainda de passar "por uma série de mediações com outros setores da sociedade", incluindo setores sociais, sindicatos e empresários. Ainda nesta semana, o jornal Valor Econômico revelou trechos de um documento interno do Instituto Internacional de Finanças (IIF) em que o provável candidato tucano José Serra era classificado como "pró-mercado" e Dilma Rousseff com favorável a "um papel maior do governo na economia". Para Bernardo, que é visto no governo e no PT como um ministro próximo a Dilma Rousseff, interessa à oposição difundir a versão de que pode haver mudanças radicais na economia em um eventual governo da candidata escolhida por Lula. "Não vai haver nada muito diferente do que nós já estamos fazendo. E nós não temos mais nada a provar. Basta olhar para o que foi feito nesses oito anos", acrescentou Bernardo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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