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Dividido, PSDB oficializa candidatura de Alckmin em SP

Feldman argumenta que partido não está unido e deveria seguir na aliança com o DEM, apoiando Kassab

Por Ricardo Brandt e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Após muita pressão por parte de um grupo de tucanos ligados ao ex-governador Geraldo Alckmin, o Diretório Municipal do PSDB confirmou no fim da noite desta segunda-feira, 5, em uma tumultuada reunião, o rompimento da aliança com o DEM em São Paulo e a oficialização da pré-candidatura de Alckmin à Prefeitura. Veja também: Líder do PSDB na Câmara Municipal diz que partido rachouPT tem quatro pré-candidatos à prefeitura de SalvadorPSB não abre mão do apoio de Aécio Neves em BH Vereadores do PSDB resistem a ajudar Alckmin A reunião foi o primeiro embate direto entre os defensores de Alckmin e os da reeleição do prefeito, Gilberto Kassab (DEM). Ela começou por volta de 19h30 e às 22h30 o presidente do diretório, José Henrique Lobo, anunciou que a Executiva levaria o nome de Alckmin à convenção de junho. Minutos depois o ex-governador chegou, fez rápido discurso de agradecimento e convocou a militância a pôr a campanha na rua. "É uma decisão do diretório e é preciso que se respeite a militância e a Executiva do partido. Sou pré-candidato e não há questões jurídicas a discutir", afirmou Alckmin. Segundo ele, o partido começará agora a fechar alianças. O clima tenso dominou a reunião, com troca de acusações e insultos e quase houve confronto físico entre os participantes. Logo depois do anúncio de Lobo, o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, pegou o microfone e gritou: "Essa decisão é autoritária." Feldman e os vereadores sustentaram durante todo encontro, sob vaias, que o partido não estava unido e deveria desistir da candidatura própria em nome da aliança com o DEM e pensando nas eleições presidenciais de 2010. "Não podemos pensar em 2010. O excesso de cálculo político já fez o partido perder duas eleições", criticou o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), um dos maiores puxadores de voto da capital. A falta de consenso interno demonstrada aponta que até junho, quando acontecem as convenções partidárias e os candidatos precisam ser oficialmente anunciados, muita briga alimentará essa disputa interna dentro do PSDB. Durante toda a tarde, os deputados federais ligados a Alckmin estiveram analisando a situação e os riscos de algo de errado acontecesse. A decisão de que o nome de Alckmin seria oficializado pré-candidato já havia sido tomada há uma semana, quando os membros da Executiva Municipal definiram por unanimidade que o ex-governador deveria disputar as eleições e que a medida seria submetida ao diretório. Um ato chegou a ser realizado na segunda-feira passada em apoio à pré-candidatura. Nele, o ex-governador que foi recebido aos gritos de "Geraldo prefeito" disse publicamente, pela primeira vez, que "aceitava o chamado do partido" e que entraria na disputa com Kassab. Resistência Mas o foco de resistência tomou forças ainda durante o final de semana quando os vereadores da bancada do PSDB (com exceção de Tião Farias) avisou que era defensora da aliança com o DEM e, portanto, da desistência de Alckmin. Feldman chegou a protocolar um documento no partido questionando a validade da reunião desta noite. "Não reconhecemos como legítima essa reunião, nem esse anúncio. Só a convenção pode definir candidatura", afirmou Feldman, antes do encontro. Fiel escudeiro do governador José Serra (PSDB), Feldman é um dos maiores rivais ao grupo apoiador de Alckmin. Ao sair do encontro sem dar entrevistas, ele afirmou que vai levar a questão até a convenção do partido.

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