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Dissidentes do PSDB preparam contra-ataque a ''golpe'' de Aníbal

Grupo encontra FHC hoje e decide se aciona Conselho de Ética ou Justiça

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Por Julia Duailibi e Silvia Amorim
Atualização:

Uma semana após o racha na bancada do PSDB na Câmara, os chamados deputados dissidentes começam a articular uma espécie de contra-ataque à reeleição do atual líder, o deputado José Aníbal (SP). Hoje parte desses parlamentares encontra-se com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pela manhã, em São Paulo. A ideia é levar um relato do processo que culminou no racha da bancada e apontar Aníbal como o responsável pela crise. À tarde, o grupo de deputados fará reunião na Câmara, onde serão analisadas duas medidas: entrar com uma representação no Conselho de Ética do PSDB ou recorrer à Justiça para anular a reeleição. Na semana passada, a crise se materializou quando Aníbal conseguiu ser reeleito, após alterar o estatuto da bancada que proibia a recondução. Dos 58 parlamentares do PSDB na Câmara, 20 se abstiveram como protesto à reeleição. Desses, 19 fundaram no mesmo dia o Movimento Unidade, Democrática e Ética contra o processo interno. Aníbal acabou sendo reeleito com o voto de 36 deputados. "É importante colocarmos a versão dos fatos e mostrar quem criou o problema", declarou o deputado Paulo Renato Souza (SP), que articulou a reunião com FHC e foi candidato a líder da bancada. O encontro, no entanto, não teve o apoio de todos os 19 dissidentes. O grupo inteiro foi convidado, mas deve comparecer menos da metade. Principal cardeal do partido, o ex-presidente manifestou insatisfação com o racha. Avalia que a imagem que ficou para a opinião pública é de uma briga entre aecistas e serristas - ou seja, entre deputados ligados ao governador mineiro Aécio Neves, que apoiaram Aníbal,e aliados do paulista José Serra, que se abstiveram na votação. A briga interna, avaliam tucanos, pode acabar atrapalhando os planos do partido de voltar ao Planalto em 2010. Serra e Aécio são os principais nomes do PSDB para disputar a Presidência na próxima eleição. ENCONTRO Como o grupo dissidente não estará completo no encontro com FHC, a ideia é debater, à tarde, na Câmara, o assunto. "A inscrição na chapa tinha de ser feita 24 horas antes da eleição. A regra (para recondução) foi alterada a 12 horas da votação. Portanto, é um processo de inelegibilidade flagrante", defendeu Zenaldo Coutinho (PA), ao comentar a alteração no estatuto promovida pelos aliados de Aníbal. Defensores da reeleição de Aníbal minimizam a articulação dos tucanos dissidentes. "A bancada decidiu que o líder tinha de ser ele. A reação (dos dissidentes) provocou dano, o que não foi agradável", disse o deputado Sílvio Torres (SP). Procurado, Aníbal não se pronunciou. CARTA A disputa pela liderança do PSDB na Câmara dos Deputados começou ainda no fim do ano passado. Antes do recesso parlamentar, Paulo Renato, que já era cogitado para assumir a vaga de líder, mandou uma carta aos 58 deputados tucanos, à época, criticando o abaixo-assinado feito por aliados de Aníbal a favor da reeleição. Na mensagem, ele classificava como "inaceitável" o método usado pelo grupo. O papel do líder nos próximos dois anos é mais estratégico do que nunca, já que coincidirá, em parte, com a temporada de escolha do candidato tucano à Presidência.

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