Dissidentes do MST fazem acampamento para concorrer com Rainha

Por Agencia Estado
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Militantes da União dos Movimentos Sociais pela Terra (Uniterra), formada por grupos dissidentes do Movimento dos Sem-Terra (MST), iniciaram a instalação de um novo acampamento em Presidente Epitácio, no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste de São Paulo. O agrupamento fica a pouco mais de dois quilômetros do superacampamento do MST, liderado por José Rainha Júnior, que já tem cerca de 800 barracos. As primeiras famílias acamparam na terça-feira, e no início da tarde desta quarta-feira havia 54 barracos de lona e madeira, segundo informações da prefeitura. O coordenador da Uniterra, Lino de Macedo, disse que o movimento pretende concorrer com Rainha apenas na disputa pela terra. "Ninguém está pensando em fazer outro megaacampamento." Macedo afirmou que a decisão de acampar partiu dos próprios sem-terra cadastrados pelo movimento. "Eles acham que o governo vai assentar primeiro quem estiver sob a lona." A Uniterra resultou da união dos grupos Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast), Movimento Renovadores Sem Terra, Terra Brasil e Nova Força, consolidada no final de maio, logo depois que Rainha anunciou seu superacampamento. Na ocasião, Macedo garantira que não colocaria as famílias em barracos. "Queremos participar da reforma agrária sem pôr mais gente embaixo da lona e fazer ocupações", disse. O Uniterra iria apenas triar e cadastrar as famílias em condições de serem assentadas e repassar os cadastros ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Nesta quarta-feira, Macedo garantiu que o movimento é pacífico e não vai invadir fazendas. Segundo ele, as famílias provêm da própria cidade e de municípios da região. O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), entidade que reúne fazendeiros, Luiz Antonio Nabhan Garcia, reagiu com preocupação à notícia do novo acampamento. "Vai ser um caos, está virando uma terra sem lei." Garcia disse que o governo precisa "tomar o controle" da situação com urgência, pois os fazendeiros estão dispostos a reagir se houver invasões de propriedade. "A situação no Pontal está tomando um caminho perigoso", alertou.

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