Disputa por fazenda coloca em risco parceria Contag e MST

MST ocupou fazenda em Araçatuba que já havia sido invadida pela Contag

Por Agencia Estado
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O ´Abril Vermelho´ tem início com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Contag (confederação de trabalhadores rurais afiliada à CUT) disputando a posse de uma fazenda no interior de São Paulo. Na manhã desta segunda-feira, 150 famílias do MST invadiram a fazenda São Lucas, em Mirandópolis, região de Araçatuba, que na sexta-feira, 7, já tinha sido ocupada por cerca de 60 famílias da Contag. A disputa, que coloca em risco uma parceria entre MST e CUT - parceria que resultou em 14 invasões no começo deste ano - virou caso de polícia. A invasão do MST foi considerada uma provocação pelos militantes da Contag, que estão há mais tempo acampados na região. Na sexta-feira, 7, temendo uma reação contrária do MST, líderes da confederação Cutista foram à polícia registrar um boletim de ocorrência de "preservação de direitos". Eles alegam que seus sem-terra têm preferência sobre os do MST no recebimento dos lotes numa futura divisão da área para reforma agrária. Dois acampamentos, um dos MST e outro da Contag foram instalados nas proximidades da fazenda aguardando a desapropriação do imóvel. O MST, que esperava que os colegas da Contag fossem aderir a uma invasão programada para quarta-feira, 11, dentro do ´Abril Vermelho´, decidiu antecipar a invasão para esta segunda-feira, alegando que tem o mesmo direito de pleitear a posse da área. "Estamos acampados aqui há quatro anos enquanto o MST está só há dois", diz Valdemar Morabito, líder dos sem-terra da Contag e presidente do Sindicato Rural de Mirandópolis, ao explicando os "direitos" do sem-terra sob seu comando. "A Contag tem apenas três famílias nessa na região", rebate Irineu Xavier de Oliveira, coordenador regional do MST. Segundo ele, a Contag arregimentou sem-terra em outros acampamentos para invadir a São Lucas. No entanto, admite que o MST também fez o mesmo, mas tem 80 famílias no acampamento da fazenda São Lucas, enquanto a Contag não possui mais de três famílias vivendo no acampamento. De acordo com Morabito, o clima entre os militantes das duas entidades está tenso e há possibilidade de ocorrer conflitos porque os grupos adversários estão acampados próximos um do outra dentro da fazenda. A propriedade, de 1.544 hectares foi declarada improdutiva em 2002 e já teve R$ 9 milhões depositados em juízo para a desapropriação, mas seu proprietário, Edmundo Aguiar Ribeiro, recorreu à Justiça Federal que ainda não julgou a desapropriação. Enquanto isso, a fazenda está sendo arrendada para uma usina de álcool para plantio de cana-de-açúcar e para criadores de gado de corte. MST e Contag reclamam dos arrendamentos e da demora da Justiça em se decidir sobre o caso. Já Aguiar não foi localizado nesta segunda-feira para falar sobre o assunto.

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