Disputa causa falta de kit contra aids

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Por Agencia Estado
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Os portadores do vírus HIV têm uma preocupação a mais: faltam kits para a realização de exames essenciais para acompanhamento da infecção. Esses kits são comprados pelo Ministério da Saúde. O Fórum das organizações não-governamentais de aids de São Paulo levou o problema ao Ministério Público hoje, depois de realizar uma manifestação em frente do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp). Segundo as ONGs, o desabastecimento já atinge 20 dos 63 laboratórios públicos que fazem os testes em todo o País. "Eu precisava ter feito os exames no mês passado, mas não consegui por causa da falta dos kits", conta Eliete Felix, de 36 anos. Há cinco anos, ela convive com o vírus, e deve fazer os exames a cada três meses, para verificar se o tratamento com os anti-retrovirais está dando certo. O filho de 5 anos de Eliete também tem HIV e está sem os exames. O estopim da questão de falta dos kits foi a disputa entre dois laboratórios que fabricam o produto: a Roche e a Organon Teknika. Em duas licitações públicas seguidas, as empresas anularam o processo. A saída adotada pelo Ministério da Saúde foi fazer um leilão reverso (que parte do preço mais alto para chegar ao mais baixo), que também não funcionou. "Não concordamos com o preço final do leilão, por estar muito acima do valor que pagamos na última compra", explica Raldo Bonifácio, coordenador-adjunto do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. Tanto a Roche quanto a Organon Teknika (comprada recentemente pelo laboratório Biolab-Meriux) consideram não ter nenhuma responsabilidade pela falta de kits nos laboratórios públicos. Para contornar a situação mais uma vez, o Ministério da Saúde realizará novo leilão, em caráter de emergência, para comprar 100 mil kits. Além disso, os Estados receberão R$ 2 milhões para que façam suas próprias licitações. A idéia é descentralizar a compra dos kits. As ONGs de aids alegam, porém, que a falta de kits é crônica e antiga. "Queremos que o acesso aos exames também seja universal, como é para os medicamentos", diz Mário Scheffer, representante das organizações no Conselho Nacional de Saúde. Scheffer explica que, sem os exames feitos regularmente, o próprio tratamento fica comprometido.

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