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''Disposição de ser alternativa está de pé''

Ele diz que não será candidato à direção da entidade, mas admite rever posição se receber aceno de apoio de Lula

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Por Andrei Netto
Atualização:

O engenheiro Márcio Barbosa, atual número 2 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), não será candidato à direção-geral da instituição - ao menos não sem o apoio do Brasil. A decisão foi tomada na noite de sexta-feira, menos de 48 horas antes do fim do prazo final para inscrições de candidaturas para a sucessão do japonês Koichiro Matsuura. O Brasil deu apoio à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, que enfrenta resistências por conta de declarações antissemitas dadas à imprensa no passado. Em entrevista exclusiva ao Estado, na sexta-feira, Barbosa admitiu a hipótese de ainda se lançar ao pleito caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizem com apoio tardio a sua candidatura. "Hoje não sou candidato inscrito. O prazo termina no domingo (hoje), mas minha disposição de ser uma alternativa continua de pé." O senhor vinha cogitando a hipótese de se lançar candidato à direção-geral da Unesco mesmo sem o apoio do Brasil, representando outro país. Por que a decisão em contrário agora? Essa questão da apresentação da candidatura por outros países de fato era uma hipótese que vinha sendo aventada com força. Mas eu sempre me senti desconfortável. De certa forma era triste imaginá-la, já que eu tenho a aspiração natural de representar o meu país. A opção poderia fazer sentido se houvesse, em um horizonte mais longo, uma sinalização de que o presidente Lula reconsideraria sua posição. Mas, de acordo com as declarações do chanceler Celso Amorim, ao que parece o governo não está disposto a mudar de postura. O ministro Celso Amorim disse que o senhor era candidato de si mesmo. O ministro Amorim sabe que isso não é verdade. É verdade que não sou candidato do Brasil. Mas, sabendo que eu teria dificuldade de aceitar uma candidatura por outro país, Amorim usou isso contra mim. O presidente Lula e a equipe de Amorim sabem que não é verdade. Em algum momento o senhor contou com a garantia de apoio do presidente Lula? Não. Por minha posição na Unesco, entendia que tinha melhores condições de participar do pleito. Se não recebi garantia de apoio, também em nenhum momento tive a confirmação de que o Itamaraty trabalhava por outra candidatura. E, sempre que fui consultado sobre a candidatura do mundo árabe, disse que não acreditava em seu sucesso. Mesmo com o fim do prazo, haveria brechas legais para que sua candidatura fosse inscrita. O senhor cogita essa hipótese? Sim, eu usaria esse recurso burocrático se mais tarde recebesse o apoio brasileiro. Muitos colegas e muitos países entendem que eu não deveria desistir. Não estou anunciando que eu sou candidato, porque não estou inscrito. Mas, se o Brasil em algum momento reconsiderar, eu estou à disposição.

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