Discussão em vôo da TAM acaba na Polícia Federal

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Por Agencia Estado
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Seis tripulantes do vôo JJ 3884 da TAM acabaram a viagem de Porto Alegre a Brasília, nesta sexta-feira, com depoimento de mais de quatro horas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A confusão começou quando o comandante Luiz Cesar Buchmann questionou três policiais federais que, na escala em Campinas, embarcaram com armas "supostamente municiadas". Em nota à imprensa no final da tarde, a TAM informou que "embora o comandante tenha agido de acordo e no cumprimento de normas legais do Comando da Aeronáutica", a Polícia Federal encaminhou ao Juizado Especial Criminal Federal de Brasília processo por "desobediência" contra o comandante e os outros cinco tripulantes. Todos foram liberados após depoimento. O Plano Nacional de Segurança da Aviação Civil proíbe armas dentro das aeronaves, mas abre exceção para policiais e militares, desde que seja de "interesse público" e o objeto esteja descarregado. Os agentes teriam se recusado a mostrar se as armas estavam realmente sem munição, num primeiro momento. O comandante insistiu no cumprimento da exigência e, cerca de 30 minutos depois, "os agentes entregaram espontaneamente as armas para a tripulação da aeronave", segundo a nota da TAM. No calor da discussão, os policiais teriam dado ordem de prisão ao comandante, que é a autoridade máxima em uma aeronave, disse o secretário de Segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Antônio Augusto Marques Peixoto. O comandante se trancou na cabine e prosseguiu o vôo até Brasília. A Polícia Federal não quis dar detalhes. Em nota à imprensa, confirmou que comandante Buchmann praticou o crime de desobediência por impedir que "policiais federais devidamente identificados e em serviço embarcassem no vôo com destino a Brasília". De acordo com a PF, os agentes teriam cumprido todos os procedimentos de segurança exigidos pelas autoridades aeroportuárias. Fontes da PF informam que agentes e delegados podem viajar armados desde que comuniquem ao posto da instituição nos aeroportos, que, por sua vez, avisam o comandante sobre a presença do policial, informando inclusive o número da poltrona onde se encontra. O secretário do Sindicato considerou a atitude dos agentes um "abuso de poder". Ele explicou que um disparo acidental pode comprometer parcial ou totalmente a aeronave, dependendo de o projétil atingir sistemas vitais ou não. Se, por exemplo, causar o rompimento de uma das janelas, passageiros podem ser sugados para fora da aeronave pela diferença de pressão. Para voar em altas altitudes e continuar respirando normalmente, o avião é pressurizado. Um tiro acidental não quebra apenas a janela, mas provoca uma sucção de objetos e pessoas. "O estrago é semelhante ao de um alfinete que encosta em um balão", compara Peixoto, que recomenda à PF fretar um avião ou ter aeronaves próprias para transportar agentes em missão especial. O que não é possível, segundo ele, é o passageiro entrar com a família em um avião e correr riscos por causa de armas a bordo.

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