05 de agosto de 2009 | 18h53
Senadores que defendem o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado ouvidos pela Agência Estado reafirmaram sua posição após o discurso de defesa feito pelo senador na tarde de hoje.
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O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o discurso de Sarney "aplaca os ânimos, mas não resolve a crise." Sarney afirmou, no pronunciamento, feito da tribuna do plenário, que não sairá da presidência e se declarou vítima de perseguição. "Nunca faltei ou faltarei com o decoro parlamentar. Ainda mais eu, cidadão de vida ilibada e hábitos simples, ter falta de decoro? Acho que ninguém poderia me acusar. Sou vítima de uma campanha sistemática e agressiva", disse.
Na avaliação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o discurso teve por objetivo levar o Conselho de Ética, que está reunido neste momento, a arquivar as 11 ações que recebeu contra Sarney. "Foi uma tática. O Sarney fala primeiro (antes da reunião do conselho) para fazer um arquivamento a todo custo", disse Demóstenes Torres. Ele afirmou que não mudou de ideia, com o discurso, sobre sua convicção da necessidade de afastamento de Sarney da presidência do Senado. "A minha idéia é fixa: nós temos que abrir investigação. As representações e denúncias estão evidentemente prontas para serem investigadas - o que não significa que todas serão julgadas procedentes. Mas não da pra arquivar sem fazer investigação como o governo quer."
Líder do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) avaliou que José Sarney não foi convincente em sua explicação. "Para se defender, ele relembrou sua biografia e fez um vôo de pássaro sobre as acusações", disse Maia, referindo-se às passagens do discurso nas quais Sarney tentou desqualificar as denúncias apresentadas contra ele no Conselho de Ética. "Uma frase não desmente um elenco de acusações".
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) também continua defendende a investigação das denúncias pelo Conselho de Ética. "Cabe ao Conselho de Ética aprofundar as investigações. Apesar de este conselho ser capenga, porque foi formado no meio da crise, então é um conselho maculado."
Em contrapartida, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse acreditar que os argumentos de Sarney foram "bons" e que, a partir de agora, o Conselho de Ética deve trabalhar para dar um desfecho às ações apresentadas contra o presidente do Senado. "Sarney colocou sua posição, colocou sua defesa, explicou alguns fatos, mas estes fatos serão agora analisados pelo Conselho de Ética, que é o foro adequado para tudo ser esclarecido", disse Jucá. E acrescentou: "Os argumentos são bons, ele detalhou procedimentos. É preciso que agora as representações sejam estudadas e analisadas."
No Conselho de Ética, senadores da base aliada ao governo e de apoio a Sarney ocupam dez das quinze vagas. Os governistas poderão, pelo voto, impedir a abertura de um processo contra José Sarney.
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