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‘Direita’ do ministério é vaiada no Planalto

Movimentos sociais criticam George Hilton, do Esporte, e Kátia Abreu, da Agricultura em posse

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Por Redação
Atualização:

Os novos titulares do Esporte, George Hilton (PRB), e da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), foram vaiados nesta quinta-feira, 1º de janeiro, diante da presidente Dilma Rousseff, durante a cerimônia de nomeação de ministros no Palácio do Planalto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou pouco antes de Dilma subir a rampa do Planalto e receber a faixa presidencial, em uma passagem relâmpago na cerimônia de sua afilhada política. 

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A hostilização contra os ministros surgiu principalmente da área do salão nobre do Planalto reservada aos movimentos sociais, que condenaram a indicação de Kátia Abreu para a pasta da Agricultura - a peemedebista é ligada ao agronegócio e considerada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) inimiga da reforma agrária e da demarcação de terras indígenas. 

“Eu nem ouvi (as vaias). Faz parte da democracia (as críticas), toda unanimidade é burra, isso é normal”, comentou a ministra, depois de posar para a foto oficial com a presidente e os colegas de ministério. 

Mais cedo, no Congresso Nacional, Kátia minimizou as críticas de integrantes do PT à indicação dela. “Nem Jesus Cristo agradou todo mundo”, afirmou. 

O novo ministro do Esporte não foi localizado pela reportagem para comentar as vaias. Hilton é radialista, apresentador de televisão e animador que nunca tratou de esporte nos seus discursos na Câmara. Em 2005, foi flagrado no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, com 11 caixas de papelão com dinheiro e cheque que somavam cerca de R$ 600 mil. À época, foi expulso do PFL. 

A recepção mais calorosa do público de dentro do Planalto foi dirigida para ministros petistas: Juca Ferreira (Cultura), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário). Os três foram os mais aplaudidos. 

A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, compareceu à posse da presidente, de quem é amiga pessoal, tentando evitar os holofotes. 

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Esquivou-se de entrevistas e, ao ser abordada, na porta do elevador no Palácio do Planalto, por uma pessoa que lhe desejou um 2015 melhor do que 2014, ela respondeu laconicamente: “Melhor, melhor.” 

Assim como em 2011, a ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, demitida após suspeitas de corrupção, acompanhou a solenidade no Planalto e foi bastante tietada. 

Popular. Lula chegou ao Planalto com ares de popstar, tirando selfies com fãs. Amigos do ex-presidente disseram ao Estado que o ex-presidente só desembarcou em Brasília para prestigiar a posse de Dilma, mas já havia avisado que não ficaria até o final da cerimônia. Ele está em férias e descansando numa praia. 

Quando Lula apareceu no salão nobre, não conseguiu disfarçar o mal-estar com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Habituado a abraçar os interlocutores e dar longos tapinhas nas costas dos amigos, Lula apenas apertou a mão de Mercadante. Em seguida, virou-se para cumprimentar efusivamente o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. 

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No PT, atribui-se a Mercadante a influência sobre Dilma, para que ela nomeasse Pepe Vargas, da tendência Democracia Socialista, na Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo com o Congresso. Com a decisão, o grupo de Lula, abrigado na corrente Construindo um Novo Brasil, perdeu espaço na “cozinha” do Planalto. 

Questionado pelo Estado se pretende voltar à Presidência da República em 2018, Lula respondeu com um piscar de olho e uma saudação: “Feliz ano novo.” 

No Congresso Nacional o clima na cerimônia de posse foi dominado pela ressaca deixada pela reforma ministerial. O presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior, e o líder do partido na Câmara, Givaldo Carimbão (AL), demonstraram descontentamento por não terem participado da indicação de Cid Gomes ao Ministério da Educação. / VERA ROSA, TÂNIA MONTEIRO, RAFAEL MORAES MOURA, RICARDO BRITO, ADRIANA FERNANDES, DÉBORA BERGAMASCO, DANIEL CARVALHO

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