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Dirceu vê ''''tentação golpista'''' na oposição

Ex-ministro transforma lançamento de site em ato de defesa do governo

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e BRASÍLIA
Atualização:

A 15 dias do veredicto do Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir se aceita a denúncia do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu transformou ontem o lançamento de seu site, em Brasília, num ato de apoio à sua absolvição e em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao pregar a reação dos aliados às vaias e ao movimento Cansei, Dirceu disse que existe uma "tentação golpista" no Brasil, capitaneada por setores do PSDB e do DEM, em conjunto com parte da imprensa. "Há uma tentação golpista, mas ninguém assume, ao contrário da UDN", afirmou o ex-ministro, numa referência à União Democrática Nacional, partido criado em 1945 que se opôs fortemente ao governo de Getúlio Vargas. Para Dirceu, o Cansei - lançado por empresários, com apoio da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - não tem uma bandeira de luta. "O que acontece é que setores da oposição e da mídia ficam na expectativa de dar um golpe de mão, como num passe de mágica, e tirar Lula do governo", insistiu. Dirceu reconheceu que o PT também foi movido pela mesma tentação,"erroneamente", quando era oposição. "Em 1993, quando o PT aprovou o ?Fora Itamar?, eu disse para o Lula: ?Você perdeu a eleição de 1994?", contou. Deu outro exemplo: em 1999, no 2º Congresso do PT, em Belo Horizonte, ele convenceu o partido a rejeitar o "Fora FHC", alegando que não poderia continuar presidindo a sigla se o bordão fosse aprovado. Saudado com abraços e apertos de mão por velhos companheiros, Dirceu pregou o contra-ataque do PT e dos movimentos sociais para defender o governo. "Não podemos concordar com a desqualificação que estão fazendo do Lula e da nossa administração", reagiu. Acusado pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, de chefiar uma "organização criminosa" instalada no coração do governo para desviar recursos públicos, o ex-poderoso chefe da Casa Civil já percorreu 20 Estados em reuniões com militantes do PT, empresários, juristas e advogados e visitará outros cinco até o julgamento, que começa no dia 22 e vai até o fim do mês. Está em campanha para retornar à cena política e quer exibir apoios de peso para pressionar o STF a rejeitar a denúncia contra ele. SINAL VERMELHO Na noite de ontem, além do site, ele distribuiu um livro de 107 páginas, intitulado Em Defesa de Dirceu, com informações sobre o processo, a cassação de seu mandato, em novembro de 2005, e a denúncia do Ministério Público. "Se a denúncia for aceita, quero ser julgado em no máximo dois anos", afirmou. "Não posso ficar como réu sem julgamento, não quero prescrição nem impunidade." Em vários momentos, Dirceu fez comentários sobre o governo como se ainda fosse ministro. Disse, por exemplo, que é preciso mais atenção ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Se em 18 meses o governo não tiver cumprido 2/3 das metas, podemos acender a luz vermelha", observou. O PAC foi lançado em 22 de janeiro e não saiu do papel em muitos Estados. O ex-ministro admitiu que o governo "demorou" a tomar providências para atacar a crise aérea e defendeu mudanças na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "Mas a oposição foi contra quando nós queríamos o contrato de gestão nas agências", ressalvou. Dirceu repetiu, ainda, que não indicou a polêmica Denise Abreu para a diretoria da Anac. "Ela já trabalhou até com o Mário Covas, que não nomeava qualquer um."

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