Dirceu alega falha do MP e não vai a depoimento

Apesar de o MP ter informado que convidou Dirceu para prestar esclarecimentos, o advogado dele disse que o ex-deputado não recebeu qualquer tipo de notificação

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, não comparecerá ao Ministério Público paulista na tarde de hoje para prestar depoimento sobre o suposto esquema de corrupção que teria sido formado durante a administração do ex-prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel. Apesar de o MP ter informado que convidou Dirceu para prestar esclarecimentos sobre o caso, o advogado dele, José Luís Oliveira Lima, disse que o ex-deputado não recebeu qualquer tipo de notificação. Lima também acusou o MP de não cumprir as formalidades necessárias ao procedimento. "Há a necessidade de serem cumpridas formalidades", disse o advogado, acrescentando que um oficial do MP tentou lhe entregar o convite endereçado a Dirceu em vez de enviar o documento diretamente ao ex-ministro. "O Ministério Público tem de agir de acordo com a lei", acrescentou. O advogado esclareceu ainda que só irá orientar seu cliente a comparecer a qualquer depoimento caso as normas de convocação sejam respeitadas. "O que for feito dentro da lei, meu cliente irá cumprir." O Ministério Público nega, no entanto, que Dirceu não tenha sido avisado pessoalmente do convite. Segundo o promotor Roberto Wider Filho, o documento foi deixado ontem de manhã na portaria do prédio onde mora o ex-ministro. "O advogado dele disse que ele não teria recebido o convite, mas isso é uma mentira", afirmou o promotor. O MP esperava obter de Dirceu esclarecimentos sobre o esquema que teria sido montado em Santo André. A suspeita é de que parte dos R$ 100 milhões movimentados pelo esquema tenham passado pelas mãos do ex-ministro e servido para financiar campanhas eleitorais do PT. Celso Daniel foi seqüestrado e assassinado em janeiro de 2002. O inquérito policial sobre o caso sustentou a tese de crime comum, mas a família do ex-prefeito vem defendendo a idéia de que o crime teve motivação política. Seguindo a mesma linha, a CPI dos Bingos pretende dedicar um parágrafo em seu relatório final à tese de que motivações políticas resultaram no assassinato.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.