Dilma vê campanha de difamação e quer contra-ataque

Presidente espera que ministros e cúpula do PT mostrem ‘assertividade’ na defesa de Palocci e não deixem nenhuma denúncia sem resposta

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O governo avalia que a crise política envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, vai se prolongar e reforçará a estratégia de blindagem de seu mais importante articulador político. Em conversas ao longo do dia, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff pediu informações sobre as denúncias contra Palocci e determinou o contra-ataque.

 

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Pelo script traçado, nenhuma denúncia deve ficar sem resposta e tanto os ministros como a cúpula do PT precisam mostrar "assertividade" na defesa do chefe da Casa Civil. Ao receber para almoço o presidente do PT, Rui Falcão, Palocci e o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, Dilma adotou a máxima do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Recomendou "sangue frio e nervos de aço" para reagir às acusações, pois, no seu diagnóstico, há uma campanha de "difamação" contra Palocci. Lula ligou para o ministro no domingo e ontem, manifestando apoio a ele.

 

O ex-presidente também tem conversado com Dilma por telefone. Falcão negou que o caso Palocci tenha sido tratado no almoço, mas defendeu o chefe da Casa Civil. "Palocci é um ministro acima de qualquer suspeita. Não há fator de preocupação no governo", disse ele. Deputado estadual, o presidente do PT fez coro com a linha geral adotada até aqui pelos aliados. "Ele já deu todas as explicações necessárias."

 

Com Palocci alvejado, o descontentamento do PT com a composição do segundo escalão não foi o principal assunto do almoço no Alvorada. "Não tratamos de varejo. Quero construir uma interlocução política com a presidente e estamos dando suporte ao governo", afirmou Falcão.

 

Apesar da aparência de tranquilidade, o clima no governo é tenso. Dilma passou o dia reunida com auxiliares, no Alvorada, cobrando explicações sobre cada denúncia publicada contra Palocci. O chefe da Casa Civil acompanhou a maioria dos encontros, munido de vários documentos.

 

Guerra. A operação de guerra para blindar Palocci e espantar a crise reuniu os ministros Guido Mantega (Fazenda) e José Eduardo Martins Cardozo (Justiça). Após ler reportagem do Estado, segundo a qual o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) comunicou à Polícia Federal uma transação suspeita da consultoria Projeto, de Palocci, na compra de imóvel pertencente a empresa sob investigação policial, Dilma quis esclarecimentos do órgão.

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"Não há nenhum inquérito aberto para apurar nada em relação ao ministro Palocci e a empresa que a ele pertence", insistiu Cardozo. "Em nenhum momento a Polícia Federal solicitou ao Coaf qualquer informação específica sobre essa empresa. Qual é o fato, qual é a denúncia? Aumento patrimonial não é crime." Cardozo deu as declarações após audiência pública na Comissão de Segurança da Câmara. Chamado por Dilma, ele chegou a interromper sua participação na audiência, mas retornou em seguida.

 

À tarde, após outro encontro no Alvorada - desta vez reunindo Dilma, Palocci, Mantega e Cardozo -, o Ministério da Fazenda divulgou nota dizendo que o Coaf "não enviou relatório à Polícia Federal comunicando que a empresa Projeto fez operação financeira suspeita". O advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Addams, e o controlador-geral da União (CGU), Jorge Hage, também foram chamados ontem por Dilma. A CGU é a repartição do Executivo responsável por auditorias e fiscalizações para verificar como o dinheiro público é aplicado.

 

Ana de Hollanda. Sem avaliar o mérito das acusações publicadas até agora, auxiliares de Dilma afirmam, em conversas reservadas, que a imprensa e a oposição querem "derrubar" um ministro de Dilma a qualquer preço, no primeiro ano de governo. Afirmam que antes a queda esperada era a de Ana de Hollanda, titular da Cultura. Hoje seria a de Palocci.

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