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Dilma tem agenda com anúncio de medidas que podem ser executadas por Temer

Última cerimônia na agenda da presidente está marcada para 10 de maio, véspera da votação do impeachment no plenário do Senado; se aprovado por maioria simples, petista é afastada por 180 dias

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Brasília - Apesar do desânimo no Planalto, a presidente Dilma Rousseff programou uma agenda frenética para ser cumprida nos próximos dez dias, que poderão ser os últimos de seu governo, caso o Senado aprove a abertura do processo de impeachment e ela seja afastada do cargo por até 180 dias.

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Dilma já reconheceu que está "praticamente descartada" a chance de conseguir reverter os votos nem na comissão especial, nem no plenário e que "só um milagre" mudaria isso. Por isso mesmo, acabou sendo convencida de que a saída seria apoiar a antecipação das eleições.

Dilma já conversou sobre antecipação de eleições com o presidente do Senado, Renan Calheiros, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os seus ministros mais próximos. A presidente Dilma programou uma série de cerimônias, nas quais pretende continuar fazendo discursos contundentes denunciando que está sendo vítima de um golpe e lançando programas que, na verdade, terão de ser executados pelo vice-presidente Michel Temer.

O governo não quer deixar para Temer lançar projetos que estão em fase de conclusão e mandou apressar a preparação deles, para anunciar nos próximos dias. Da mesma forma, a ordem é apagar informações dos computadores que poderiam ajudar a equipe de Temer, na chegada ao Planalto.

A ideia é "não facilitar completamente as coisas para eles". Não haverá uma equipe de transição, mas os secretários-executivos farão este papel apresentando relatórios sobre as respectivas pastas.

Dilma Rousseff em cerimônia ao lado do governador da Bahia, Rui Costa (PT), em Salvador Foto: ROMILDO DE JESUS/FUTURA PRESS

Na lista das cerimônias, na próxima sexta-feira pela manhã, haverá a extensão do Programa Mais Médicos, com prorrogação de prazo da permanência dos profissionais estrangeiros no Brasil, por mais três anos. Assim, o programa tão combatido pela classe médica deverá ficar em funcionamento até 2019. Para 2016, o custo do programa Mais Médicos é de R$ 2,7 bilhões e outros R$ 5 bilhões que seriam aplicados em financiamento de construções, ampliações e reformas de unidades de saúde.

À tarde, ela assina decretos relativos à Política Indigenista. Nesta quinta, Dilma recebe o prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, que vem trazer pessoalmente o apoio à presidente Dilma, assim como já fez por carta. Antes, ela se reúne com senadores que apresentam a proposta de antecipação das eleições.

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No próximo domingo, Dia do Trabalho, Dilma deverá ir às comemorações que estão sendo programadas pela CUT, no Anhangabaú, em São Paulo. Na terça-feira seguinte, Dilma lança o Plano Safra 2016/2017, com o Ministério da Agricultura, para o qual deverão ser destinados algo em torno de R$ 200 bilhões. Para a próxima safra da Agricultura Familiar (2016/2017), o Planalto está antecipando em dois meses o anúncio da liberação dos recursos e os estudos são de liberação de algo em torno de R$ 30 bilhões, em cerimônia na quarta-feira, 4 de maio. Os números dos dois planos estão sendo fechados.

Ainda na terça, o governo está preparando uma mega cerimônia para recebimento da Tocha Olímpica, no Palácio do Planalto. A última solenidade prevista para ser comandada por Dilma está marcada para o dia 10 de maio, terça-feira, um dia antes da votação em plenário do seu possível afastamento. Será um ato em homenagem às mulheres.

Há ainda na pauta, cerimônias para lançamentos de licitação para leilão de quatro novos aeroportos, de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, que somam algo de R$ 7 bilhões de investimentos. Também haverá concessão na área portuária. A sua possível última viagem deverá ser a Santarém, na semana que vem, para entregar mais casas do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Os governistas "jogaram a toalha" na segunda-feira, 25, quando a Presidência foi derrotada na estratégia de substituir o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), eleito para relator do colegiado especial que analisa o impeachment no Senado. Dos 21 votantes na comissão, apenas cinco - quatro do PT e um do PC do B - votaram pela saída de Anastasia. Este placar, na avaliação destes auxiliares da presidente, é um prenúncio do que ocorrerá na comissão especial, sinalizando o "praticamente certo" afastamento temporário da presidente do cargo.