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Dilma se refere a ''comício'', mas Lula nega estar em campanha

Ministra da Casa Civil cometeu ato falho durante lançamento de obra do PAC em Minas

Por Eduardo Kattah , Raquel Massote e BELO HORIZONTE
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou ontem as solenidades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, na região metropolitana, para mais uma vez negar que esteja utilizando suas viagens pelo País para fazer campanha eleitoral. "A minha oposição não gosta que eu ande. Ela fala que eu estou fazendo campanha. Eu não sou candidato. O que eles querem é que eu fique dentro do meu gabinete, vendo eles fazerem discurso contra mim. Entre ouvir eles falarem de mim e abraçar o povo deste país, eu vou para a rua." Só que desta vez, num ato falho, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, nome preferido de Lula para disputar sua sucessão em 2010, acabou praticamente desmentindo o discurso do chefe. "Quero dirigir especial cumprimento às mulheres que estão animando este comício", disse a ministra, em seu discurso. Em seguida tentou disfarçar o constrangimento com sorrisos. Mesmo o presidente, com suas negativas de que esteja em campanha, foi explícito ao pedir de cima de um palanque montado na periferia de Ribeirão das Neves que os eleitores na platéia prestassem atenção aos candidatos que se apresentarão nas eleições deste ano. "Vocês precisam acompanhar, porque agora é época de eleição. Agora é que vocês precisam descobrir quem é que esteve e está com vocês há muito tempo ou quem vai aparecer de última hora achando que é um milagreiro. Estou muito à vontade porque não sou candidato a prefeito, mas é nessa época que o pobre tem valor." Pela manhã, Lula visitou obras na Vila São José e assinou novas ordens de serviço e contrato com o PAC, em Belo Horizonte. No início da tarde, na região metropolitana, participou de solenidade de autorização para o início de obras de saneamento e urbanização de favelas em oito municípios mineiros, num total de R$ 1,164 bilhão. Acompanhado de ministros e prefeitos, além do vice José Alencar, o presidente disse que o PAC é uma "reparação histórica" com a população mais pobre do País e essa será a prioridade de seu governo até o fim do mandato. "Durante décadas e décadas as pessoas governaram apenas para um terço da população. Quem tinha mais cada vez ficou com mais e quem tinha menos cada vez ficou com menos. Nós queremos equilibrar este país." TORCICOLO Com fortes dores no pescoço, Lula chegou a se ausentar do palanque em Belo Horizonte por cerca de 20 minutos e retornou usando um colar cervical. Bem-humorado, apesar do incômodo, ele brincou com a situação, citando a primeira-dama Marisa Letícia. "Está certo que a minha cabeça é um pouco agigantada para o meu pescoço. Hoje (ontem) de manhã, quando eu levantei e falei que estava com dor no pescoço, a Marisa falou assim para mim: ?como pode alguém que não tem pescoço ter dor no pescoço?? Bem, são coisas da natureza." Lula voltou a chamar Dilma de "mãe do PAC" e a elogiá-la pela dedicação ao programa. "O PAC só funciona porque essa mulher toma mais conta do PAC do que toma da filha dela", disse em Belo Horizonte. Em Ribeirão das Neves, foi além: "A Dilma é na verdade a mãe, a avó e a tia do PAC." ALIANÇA Durante a passagem pela capital mineira, o presidente evitou a polêmica envolvendo a aliança entre petistas e tucanos para a eleição municipal, articulada pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) e pelo governador Aécio Neves (PSDB). Em viagem aos EUA, Aécio não participou das solenidades e foi representado pelo vice Antonio Anastasia e pelo secretário de Governo, Danilo de Castro. FRASES Luiz Inácio Lula da Silva Presidente "A minha oposição não gosta que eu ande. Ela fala que eu estou fazendo campanha. Eu não sou candidato" "A Dilma é na verdade a mãe, a avó e a tia do PAC." Dilma Rousseff Ministra da Casa Civil "Quero dirigir especial cumprimento às mulheres que estão animando este comício"

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