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Dilma revela que banco de dados é 20 vezes maior que dossiê

Ela admitiu que o governo montou "um banco de dados" com informações de despesas com cartões corporativos

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Por Reuters
Atualização:

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, um dos principais nomes do PT à sucessão presidencial, admitiu nesta sexta-feira que o governo montou "um banco de dados" com informações de despesas com cartões corporativos para atender possíveis pedidos legais, mas negou o caráter de dossiê aos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dilma relatou que a pasta dispõe de maior quantidade de informações do que foi divulgado até agora pela imprensa. "A quantidade de informações que tem o banco de dados é 20 mil vezes maior do que o dossiê", disse.   Veja também:   Dilma admite 'banco de dados' sobre FHC e nega dossiê Briga entre FHC e Lula antecipa debate sobre sucessão IMAGENS: Os momentos de 'amor e ódio' de FHC e Lula  ENQUETE: A CPI dos Cartões deve quebrar sigilo de Lula e FHC?  Entenda a crise dos cartões corporativos   FHC cobra dados de cartão de Lula, que reage e diz que fará sucessor Em sessão marcada por bate-boca, CPI rejeita convocação de Dilma       Ela confirmou que o levantamento contém dados de FHC. "Nós fizemos esse banco de dados com informações do nosso período e também estamos fazendo com informações do período anterior."     Reportagem da Folha de S.Paulo desta sexta-feira informa que Erenice Alves Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, ordenou levantamento de dados para compor um suposto dossiê de despesas com cartões corporativos e contas tipo B (gastos reembolsados a servidores) do ex-presidente Fernando Henrique e de sua mulher, Ruth Cardoso.     Erenice é a segunda na hierarquia da Casa Civil. Tratando Erenice por "doutora", Dilma disse na entrevista que a secretária-executiva cuida da parte administrativa da Casa Civil. Dilma cobrou que quem divulgou as informações armazenadas na Casa Civil indique de quem recebeu.     Segundo a ministra, essas informações estão armazenadas na Casa Civil tanto para atender a um possível requerimento por parte da CPI dos Cartões Corporativos quanto para fornecer ao Tribunal de Contas da União (TCU), que audita os gastos do governo.     Tarso e oposição     O ministro da Justiça, Tarso Genro, saiu em defesa da Casa Civil. "Não há dossiê. Há uma sindicância administrativa. Sindicância é um processo administrativo do Estado para verificar se um fato existe", explicou o ministro em Brasília. Para ele, a polêmica faz parte do debate político.     O vice-presidente José Alencar também negou a existência de qualquer dossiê e isentou de responsabilidade a ministra-chefe da Casa Civil. "O levantamento é normal acontecer. É uma tempestade em copo d'água."     Polêmica     Desde o último fim de semana, quando a revista Veja divulgou a existência dos dados sobre o período FHC, o governo nega a existência do dossiê, mas admite ter levantado as informações. A CPI do Congresso, responsável por apurar possíveis desvios com essas despesas, deve investigar os gastos do governo Lula e de Fernando Henrique.     A reportagem da Folha deu nova munição à oposição para chamar Dilma a depor na CPI. Tentativa neste sentido foi derrubada esta semana por governistas. A oposição também já começa a cobrar a demissão de Dilma. "A ministra a meu ver virou um pato manco: autoridade que, por perder a autoridade, se arrasta no cargo e depois cai", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).     Já o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que é precipitado defender a demissão. "É preciso que existam maiores esclarecimentos."     Senadores oposicionistas declararam que a suspeita contra Erenice lembra o caso do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que em 2006 perdeu o cargo após autorizar a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira.     Nesta semana, o ex-presidente Fernando Henrique colocou os gastos dos cartões de seu período à disposição da CPI e cobrou a mesma atitude de Lula. A CPI foi criada depois de denúncias contra mau uso de verbas dos cartões por ministros do atual governo.

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