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Dilma reduzirá agenda por causa do tratamento

Internação da ministra deixou aliados apreensivos sobre o futuro da candidatura presidencial e atiçou dirigentes peemedebistas

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa , Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

Preocupado com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedirá à gerente do governo que diminua o ritmo de suas atividades para cuidar da saúde. A agenda menos sobrecarregada, porém, não significa licença. Embora a internação de Dilma no Hospital Sírio Libanês, na madrugada de ontem, tenha reforçado o cenário de incerteza que cerca sua candidatura ao Palácio do Planalto, em 2010, nem Lula nem o PT trabalham com um plano B. Lula telefonou para Dilma duas vezes, de Pequim, mas não conseguiu falar com ela. Conversou, no entanto, com o cardiologista Roberto Kalil, chefe da equipe médica que trata do câncer linfático da ministra. Está convencido de que sua favorita para a corrida presidencial poderá continuar no páreo, apesar do nervosismo do PMDB, o principal parceiro da coalizão. Desde que anunciou estar em tratamento, há 25 dias, Dilma cancelou sete compromissos - incluindo a participação prevista para hoje no Congresso Brasileiro de Radiodifusão e mais um balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), marcado para amanhã, em Fortaleza (CE). O comando do PT também pretende reduzir em 30% os compromissos da pré-campanha de Dilma nos quatro meses de duração da quimioterapia. Mesmo assim, os petistas estão programando para ela atividades de grande impacto. No sábado, por exemplo, a chefe da Casa Civil deverá participar de almoço na casa da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy com a apresentadora Ana Maria Braga - que venceu um câncer há sete anos - e outras mulheres de sucesso. "Todos nós estamos torcendo muito por Dilma, uma pessoa imprescindível ao governo", afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. "Não há nenhuma discussão sobre afastamento da ministra", emendou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do governo no Congresso. "O que existe é apenas uma preocupação para que ela tenha uma agenda um pouco mais leve nos momentos posteriores à quimioterapia." A doença da ministra acabou dominando ontem boa parte de pelo menos dois encontros que trataram da CPI da Petrobrás, a nova dor de cabeça do Planalto. Para tranquilizar os aliados, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, contou, em reunião com dirigentes de partidos da coalizão, ter conversado com os médicos da ministra. Garantiu que as fortes dores sentidas por Dilma nas pernas foram "reação comum" ao processo quimioterápico. "Tem gente da oposição que torce contra, mas Dilma vai se recuperar", disse o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Mais tarde, porém, o próprio PT discutiu a forma como o tema vem sendo tratado. Num encontro a portas fechadas da bancada petista na Câmara, deputados repreenderam o colega Fernando Marroni (RS), porta-voz da pregação pelo terceiro mandato de Lula. Alegaram que adotar tal discurso, nesse momento, só enfraquece a candidatura de Dilma, alvo de especulações. "O terceiro mandato, para nós, chama-se Dilma", resumiu o deputado José Genoino (PT-SP). "Não temos razão para especular sobre outra candidatura, já que as informações médicas não nos autorizam a discutir qualquer plano B", insistiu o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Em conversas reservadas, no entanto, dirigentes do PMDB dizem que pretendem discutir a sucessão presidencial com Lula assim que ele retornar de seu roteiro pelo exterior. O argumento dos peemedebistas é que o governo não pode deixar de ter um plano alternativo para 2010. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que a tendência do partido é continuar aliado ao governo nas eleições, mas admitiu a necessidade de "negociações" com o Planalto ao lembrar que "muitos" no PMDB defendem candidatura própria. Na avaliação da cúpula do PT, os peemedebistas querem criar dificuldades para vender facilidades. FRASES Ideli Salvatti Senadora (PT-SC) "Não há nenhuma discussão sobre afastamento da ministra. O que existe é apenas uma preocupação para que ela tenha uma agenda um pouco mais leve nos momentos posteriores à quimioterapia" Ricardo Berzoini Presidente do PT "Não temos razão para especular sobre outra candidatura, já que as informações médicas não nos autorizam a discutir qualquer plano B"

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