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Dilma recorre a governadores por 'pacto'

Por Tania Monteiro , Rafael Moraes Moura , Luciana Nunes Leal , , BRASÍLIA e RIO
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff convidou os 27 governadores, aí incluídos os da oposição, para tentar trabalhar um "pacto pela governabilidade". A reunião será na próxima quinta-feira. Dilma decidiu chamá-los por causa da grave crise política e econômica que o País enfrenta. O objetivoé pedir ajuda aos governadores de todos os partidos para que atuem em suas bancadas no Congresso, no início do segundo semestre, com objetivo de aprovar as medidas pendentes do ajuste fiscal, a repatriação de recursos e outras propostas que poderiam ter impacto na melhoria das contas públicas. Embora não admita publicamente, o movimento, na prática, passa pela tentativa de isolar o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se declarou inimigo número um do Planalto e das medidas que o governo quer ver aprovadas. Alguns dos governadores ligados a Dilma avaliam que, da reunião, possa sair também um apoio político à presidente, em contrapartida ao movimento de oposicionistas que querem o seu afastamento do governo."Dilma foi eleita em um processo democrático, está há poucos meses a frente de um novo governo, vive a impopularidade, mas outros políticos já viveram, como Fernando Henrique Cardoso. Eu mesmo, durante meus primeiros dois anos de governo. Mas não vejo motivos para que ela saia. Impedir um governo de governar é um golpe", disse o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).O chefe do Executivo do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), também defendeu o diálogo de colegas de diferentes partidos com o governo. "Nada impede a gente de sentar e conversar. O que falta no País é conversa. Nesse ponto, (o vice-presidente) Michel Temer tem um papel preponderante, é o melhor interlocutor, com o Congresso, com os governadores", afirmou.O governador fluminense tem insistido na defesa de Dilma e na tese de que o PMDB tem responsabilidade de garantir a sustentação do governo. Ao contrário de Cunha, que rompeu com a presidente e prega que o PMDB deixe o governo o mais cedo possível, Pezão defende que o partido mantenha o apoio a Dilma até abril de 2018, prazo para que os candidatos nas eleições daquele ano deixem os cargos."Estou sempre falando em governabilidade porque é dessa maneira que vamos enfrentar a crise, retomar o desenvolvimento econômico. A gente tem o vice-presidente, tem que ajudar o governo. Não tem que sair. Meu ponto de vista é que devemos ficar até abril de 2018. Não há problema em estar no governo e, no prazo da desincompatibilização, lançar candidato próprio a presidente", sustentou.'Fantasia'. A tese do diálogo, no entanto, não encontra respaldo entre muitos chefes de Executivo estadual. Um dos governadores consultados pelo Estado, que preferiu falar sem ser identificado, disse que a proposta "não encontrará apoio entre muitos governadores porque as posições são muito heterogêneas". "É uma fantasia", classificou, ressaltando, no entanto, que considera viável que se discutam pontos de convergência de interesses dos Estados e do Planalto com os governadores. Há assuntos, como a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que interessam a alguns, mas que são contestados por outros, que são beneficiados hoje pela guerra fiscal."Precisamos de responsabilidade, serenidade e compreensão de todos", disse um interlocutor direto da presidente, ao comentar que a iniciativa da reuniãoajudará a melhorar o clima no País e a desanuviar a crise política. Esse auxiliar lembra que a ajuda dos governadores neste momento é "fundamental" e é benéfica não só para o Planalto, mas para eles também. O governo federal lembra que grande parte das obras que pôde ser realizada nos Estados foram possíveis por causa da ajuda financeira do Executivo federal.Da mesma forma, os financiamentos externos que os governadores pediram precisaram de aval federal. Agora, então, seria a hora de todos se juntarem para tirar o País da crise.A mobilização dos governadores em suas basesvai ser o principal apelo que a presidente fará.

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