Dilma rechaça cargos na Petrobrás para PMDB em troca de apoio na CPI

Na volta ao trabalho, ministra e afirma que ?não há a menor hipótese? de mudanças na diretoria da empresa

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Por Tania Monteiro e Leonencio Nossa
Atualização:

Após três dias dedicados ao tratamento de sua saúde, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, antecipou ontem a volta ao trabalho. A missão é tentar barrar a barganha do PMDB por cargos na Petrobrás em troca de apoio ao governo na CPI instalada no Senado para investigar a estatal. A ministra, que também preside o conselho de administração da empresa, afirmou que "não há a menor hipótese" de mudanças na atual diretoria. "Isso não está em cogitação. Não há, até agora, por parte do governo, isso. Nem sinal de alguém pedir isso para nós." Entenda o que será apurado na CPI Dilma saiu em defesa do diretor executivo de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, alvo dos peemedebistas. Como antecipou o Estado na quinta-feira, o PMDB quer indicar um nome para a diretoria de Exploração e Produção da estatal, conhecida como "diretoria de pré-sal", ocupada pelo petista Estrella. Com esse objetivo em foco, o partido espera a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de sua viagem ao exterior, para indicar os nomes dos senadores que vão integrar a CPI. A área de Exploração e Produção foi batizada pelo ex-deputado Severino Cavalcanti de "diretoria do fura-poço". Atualmente, é o setor responsável pelas pesquisas na camada pré-sal. A ministra não deixou espaço para negociação. "Meu apoio ao diretor Estrella é irrestrito", ressaltou. "É um dos melhores da Petrobrás. É um homem íntegro, um técnico competentíssimo e um geólogo de primeira." O PMDB, em sociedade com o PP, quer emplacar no lugar de Estrella o atual diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. O partido já é dono da indicação de Jorge Luiz Zelada, diretor da Área Internacional. Para o caso de ser bem-sucedido nessa empreitada, o partido também já fez chegar ao governo o desejo de preencher a vaga que seria aberta na diretoria de Abastecimento, totalizando três diretorias. Indagada sobre as pressões do PMDB, Dilma evitou polemizar. "Isso (a contrapartida) é parte da história, faz parte do jogo", observou. CAMPANHA Na entrevista, a ministra ainda contra-atacou a oposição. "Essa história de falar que a Petrobrás é uma caixa-preta, ela pode ter sido caixa-preta em 97, 98, 99 e 2000", afirmou, numa referência ao período em que os tucanos estavam no poder. A ministra chegou a ficar com a voz embargada ao defender a empresa. "Tem hora que eu fico um pouco emocionada, porque além de eu achar a Petrobrás estrategicamente muito importante para o Brasil, um símbolo para nós da nossa própria capacidade no que se refere a tecnologia, ela também é a empresa do meu coração", ressaltou. "De Petrobrás eu entendo e acho que a Petrobrás é uma empresa importante não só do ponto de vista estratégico para o Brasil. Também por ser a maior empresa, a maior empregadora, a maior contratadora de serviços e a empresa que hoje ocupa e vai ocupar cada vez mais, a partir do pré-sal, um espaço muito grande." RIGOR Dilma observou que a Petrobrás é uma S.A., controlada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com ações na Bolsa de Nova York. Ao comentar sobre a instalação da CPI no Senado, disse que a empresa tem de ser "preservada" e pode ser fiscalizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público. Ressaltou ainda que ela atende às regras da Lei Sarbanes-Oxley, assinada em 2002 pelo governo de George W. Bush como uma resposta aos escândalos da contabilidade de megacorporações, como a Enron. "É uma das leis mais rígidas no que se refere a demonstrações contábeis, a explicitações para controle do acionista e do investidor de todas as contas estratégicas da empresa."

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