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Dilma recebe apoio de 15 igrejas evangélicas

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Por Vera Rosa
Atualização:

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, recebeu hoje o apoio de representantes de 15 igrejas evangélicas. A manifestação ocorreu dois dias depois da polêmica envolvendo o bispo de Guarulhos (SP), d. Luiz Gonzaga Bergonzini, que pregou o boicote dos católicos à candidatura da petista sob o argumento de que ela defende a descriminalização do aborto. "Eu sou a favor da vida em todas as suas manifestações e seus sentidos", afirmou a petista, na sede da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil. Com discurso sob medida para agradar à plateia, Dilma citou passagens do Evangelho nas quais Jesus fala da vida em abundância. Depois, lembrando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que vai "cuidar do povo" e da família, "como ele". "Quero pedir a vocês que orem por mim", insistiu. Diante de aproximadamente 1 mil fiéis, a petista afirmou que o governo Lula encerrou "uma era de choro, desespero, medo, acomodação e desemprego" e prometeu dar continuidade ao projeto do presidente. "O choro pode durar toda uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Nós vamos construir juntos a alegria que chega pela manhã."Na chegada ao templo, Dilma foi saudada por obreiras. Passou perto de uma faixa de protesto estendida por dois evangélicos, na qual se lia "Apoiar Dilma é negar a Bíblia". "Aborto não", gritou um homem logo que a candidata entrou acompanhada do vice, deputado Michel Temer (PMDB), de coordenadores de sua campanha e de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula. Ex-seminarista, Carvalho foi designado pelo presidente para aproximar a petista dos religiosos.O pastor e deputado Manoel Ferreira (PR-RJ), presidente de uma das maiores denominações da Assembleia de Deus, o Ministério de Madureira, defendeu o voto em Dilma e agradeceu Lula pela lei que regulariza os templos erguidos em áreas públicas da União. "Agora chegou a hora de estarmos unidos. O que podemos fazer por esse homem?", perguntou o pastor aos fiéis. Ele mesmo respondeu: "Fazer a sua sucessora." Ferreira coordena o movimento evangélico da campanha de Dilma.BoatosNa tentativa de desfazer boatos dando conta de que a candidata do PT defende o aborto e o casamento gay, Ferreira contou que se reuniu com ela no início do ano para tratar do assunto. "Pedimos que alguns temas polêmicos do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 pudessem ser revistos e, ainda, que essas matérias controversas fossem objeto de apreciação no fórum competente, que é o Congresso, e não partissem do Executivo", disse o pastor, numa referência à legalização do aborto e à união civil entre homossexuais. "Ela nos garantiu que, eleita, não enviará essas propostas."Em seus pronunciamentos, Dilma tem dito que não defende a interrupção da gestação a não ser em casos previstos em lei, como na gravidez resultante de estupro. Porém, avalia que o Estado não pode ignorar o assunto, pois muitas mulheres, sobretudo as de baixa renda, usam métodos considerados "medievais" para pôr fim à gravidez. Apesar de a candidata do PV, Marina Silva, ser ligada à Assembleia de Deus, Dilma vem conquistando o apoio dos evangélicos. Muitos deles alegam que a ex-senadora não procurou o aval da igreja.

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