Dilma posta frase de Temer no Twitter e diz que 'a história se repete'

'Verba volant scripta manent', escreveu Dilma, lembrando carta que Temer mandou quando era seu vice; frase em latim significa 'as palavras voam, os escritos permanecem'

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Por Daniel Weterman
Atualização:
Dilma lembrou de carta escrita por Temer, em que se chamou de 'vice decorativo' Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em meio ao clima sobre a posição do PSDB em relação ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) usou o Twitter nesta sexta-feira, 7, para publicar indiretas ao peemedebista, que assumiu o poder após o impeachment da petista no Congresso Nacional. Em um recado sobre "golpe" e "farsa", Dilma citou uma frase em latim que foi usada por Temer quando o então vice-presidente escreveu uma carta direcionada a ela para falar que era um "vice decorativo", em dezembro de 2015.

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Nesta sexta-feira, 7, um dia depois de o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmar que o País "caminha para a ingovernabilidade", a petista afirmou que a história está se repetindo. "Desde Marx sabemos: a história se repete, a primeira vez c/o tragédia e a segunda c/o farsa. Golpe 2016: tragédia. 2017: farsa das elites", escreveu.

"Em vez de carta Twitter; verba volant scripta manent!", escreveu Dilma. Em tradução livre, a frase citada significa "as palavras voam, os escritos permanecem." A citação foi usada por Temer como epígrafe da carta escrita após o processo de impeachment ser pautado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião, Michel Temer afirmou que sabia que Dilma não tinha confiança nele e no PMDB.

Uma hora antes dessa manifestação de Dilma, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, também usou o Twitter para afirmar que é preciso "ter muita tranquilidade e prudência neste momento". Disse ainda que "em vez de potencializar, precisamos ajudar o Brasil a sair da crise". Se o processo contra Temer for aceito no plenário da Casa, o deputado fluminense passará a ocupar a interinamente a presidência da República.

Ontem, cresceu a tensão sobre a posição do PSDB em relação ao governo Temer. Em conversa com jornalistas, Tasso Jereissati disse que o País "caminha para a ingovernabilidade" na gestão do peemedebista e que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), poderia garantir governabilidade ao País até a eleição de 2018.

A ideia da queda de Temer com a ascensão de Maia ao poder preocupa o PT. Em entrevista para uma rádio ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que só interessa a saída do peemedebista se houver convocação de eleições diretas. Na quarta-feira, em Brasília, Lula chegou a falar que Maia estaria se preparando para ser o próximo presidente e que os petistas não poderiam acha "que um golpista é melhor do que outro."