Dilma é eleita a primeira mulher presidente do Brasil

O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, reconheceu às 20h14 deste domingo, 31, a vitória da petista

Foto do author Célia Froufe
Por Anne Warth , Célia Froufe (Broadcast), Elizabeth Lopes , Jair Stangler e Agência Estado
Atualização:

Dilma Rousseff (PT) é a primeira mulher eleita presidente do Brasil. O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, reconheceu a vitória da petista na TV às 20h14 deste domingo, 31.

 

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"Gostaria de divulgar o nosso último boletim. Este certamente já está desatualizado, em função da velocidade da internet, mas às 20 horas, 4 minutos e 15 segundos já podemos anunciar oficialmente a vitória matematicamente apurada da candidata Dilma Rousseff", disse Lewandowski.

 

De acordo com ele, 92,23% das sessões eleitorais já estavam apuradas naquele momento, com índice de abstenção de 21,18%. "Tenho a grata satisfação de anunciar o sucesso do nosso sistema eleitoral, com tecnologia genuinamente brasileira", comemorou. Segundo ele, em 2002, foi possível anunciar o vencedor às 23 horas e, em 2006, às 21h30. "Nestas eleições, batemos o recorde em termos mundiais: 20h04. Quero dizer que o resultado reflete a vitória do povo brasileiro e das instituições republicanas, sobretudo da Justiça Eleitoral", disse o ministro.

 

À 1h20 de segunda, 1º de novembro, 99,99% dos votos haviam sido apurados, faltando apurar apenas 12 mil votos. Dilma registrava 56,05% dos votos válidos, ou 55,7 milhões, enquanto Serra registrava 43,95%, ou 43,7 milhões em números absolutos. Brancos são 2,3% do total (2,45 milhões de votos) e nulos são 4,40% (4,69 milhões de votos). A abstenção foi de 21,50% do total (29,2 milhões de votos).

 

Boca de urna

 

A pesquisa de boca de urna Ibope/Estado/TV Globo divulgada às 19h havia apontado que que Dilma Rousseff (PT) sara eleita presidente da República com 58% dos votos válidos. Seu adversário, José Serra (PSDB), registrou 42% dos votos válidos na pesquisa.

 

A pesquisa foi realizada neste domingo, 31, com 54.400 entrevistados de todo o País. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada sob o protocolo 38.132/2010.

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Vitória de Lula

 

A vitória de Dilma teve a participação do cabo eleitoral mais popular do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mesmo sem estar participando diretamente do pleito, teve papel fundamental ao transferir todo seu elevado índice de popularidade à candidata que escolheu pessoalmente para disputar sua sucessão e levá-la à vitória nas urnas neste segundo turno, mesmo sendo uma estreante na seara de uma disputa eleitoral e concorrendo com um nome forte da oposição, o ex-governador tucano José Serra.

 

Se dependesse dos números das primeiras pesquisas eleitorais divulgadas em 2007, a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República jamais teria sido levada adiante. Em outubro de 2007, a pesquisa CNT/Sensus mostrava a então ministra-chefe da Casa Civil com 5,7%. Essa mesma pesquisa, contudo, mostrava que cerca de 35% dos entrevistados poderiam votar em alguém apoiado por Lula. Com base nessa sinalização, o presidente traçou um engenhoso plano para lançá-la na arena da disputa presidencial, trabalhando intensamente para colar sua imagem à de Dilma.

 

E a estratégia funcionou. Coube a Dilma o lançamento de uma das maiores vitrines do governo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. No ano seguinte, Lula a batizou de "mãe do PAC". Como boa discípula, Dilma se autonomeou durante a campanha eleitoral de "mãe do Luz para Todos", programa do governo federal, criado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica às áreas rurais do País. E no decorrer da campanha, quando já liderava a corrida presidencial, assumiu de vez o instinto maternal e disse que pretendia ser, na Presidência, a "mãe de todos os brasileiros".

 

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Trajetória de Dilma

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Dilma nasceu em Belo Horizonte em 14 de dezembro de 1947 e na juventude militou contra a ditadura, atuando no Comando de Libertação Nacional (Colina) em Belo Horizonte, no final dos anos 60. Ela é classificada como durona, rígida, séria, competente, inteligente, extremamente dedicada ao trabalho. Implacável com quem enrola e exigente com os subordinados. Comandou o Ministério de Minas e Energia de 2003 a 2005, até ir para a Casa Civil com a queda de José Dirceu da Casa Civil no escândalo do mensalão. Na nova função, tornou-se uma "mulher dura cercada de homens meigos", como ela mesma definiu.

 

A ex- ministra já foi filiada ao PDT, mas em 2000 filiou-se ao PT, partido que lhe abriu as portas para chegar ao mais alto cargo do País. Até o final deste ano, completará 63 anos. Dilma já casou e se separou duas vezes com ativistas políticos que lutavam contra a ditadura, mãe de uma filha, Paula Rousseff Araújo, e avó de um neto, Gabriel, que nasceu no dia 9 de setembro deste ano. É dona de Nego, labrador preto e companheiro de caminhadas matinais.

 

Um de seus melhores amigos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), é quem melhor define a personalidade da nova presidente do Brasil: "Ela trabalha o tempo todo e não deixa nada sem solução. Além disso, acredita que não foi por acaso que sobreviveu à ditadura, quando chegou a ser torturada, sobreviveu para cumprir a tarefa da nossa geração e deixar um País mais justo e solidário do que aquele que nós encontramos."

 

Atualizada à 1h23 da segunda-feira, 1º