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Dilma diz que não cabe ao governo interferir em questões internas de partidos

Presidente afirmou que não vai interceder no processo de escolha do líder do PMDB na Câmara e que nenhum governo pode querer 'guerras' entre siglas nem dentro delas

Por Carla Araujo , Isadora Peron , Tania Monteiro , Daiene Cardoso e Rachel Gamarski
Atualização:

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, 15, que o governo não vai interferir no processo de escolha do líder do PMDB na Câmara dos Deputados e que tem toda consideração pelo vice-presidente Michel Temer. Segundo a presidente, não cabe ao Planalto interceder em assuntos internos "de partido algum".

"Não interferimos sob nenhuma circunstância nas questões internas, e não é só do PMDB, com o PT é a mesma coisa", afirmou, em café da manhã para jornalistas de sites, revistas e agências internacionais. "Não cabe ao governo interferir em questões internas de partido algum, não é certo isso, nem tampouco democrático".

PresidenteDilma Rousseff durante café da manhã com jornalistas-setoristas do Palácio do Planalto Foto: José Cruz/Agência Brasil

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Segundo a presidente, nenhum governo pode querer "guerras" entre partidos nem dentro das siglas e é fundamental que as agremiações estejam harmônicas e unidas para que se chegue à estabilidade das relações. "É papel do governo querer-se estabilidade. O governo sempre precisa de mais estabilidade que instabilidade."

Temer. Dilma disse que a relação com o vice-presidente está harmoniosa e que ela, especificamente, tem "toda consideração com o presidente Temer". "Para nós é muito importante uma relação de absoluto respeito, proximidade, fraterna com o presidente Temer", afirmou, ressaltando "que tem conversado com ele".

Nesta semana, Temer, que trabalha para garantir sua continuidade como presidente do PMDB, apoiou a ação do Planalto de sondar o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para assumir a Secretaria de Aviação Civil. "Ele é o meu companheiro, é secretário do partido há muitíssimos anos. É um ótimo quadro", disse o vice. A pasta era ocupada por Eliseu Padilha, aliado de Temer que deixou o cargo no início de dezembro, após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitar o pedido para abertura de impeachment de Dilma.

Após ser sondado pelo Palácio do Planalto, Lopes havia demonstrado interesse em assumir a pasta, mas sinalizou a aliados que só iria aceitar o convite com a bênção de Temer, que é presidente nacional do PMDB. Depois de uma conversa de mais de uma hora, o deputado deixou o gabinete do vice afirmando que Temer apoiaria o seu nome para o cargo caso o convite fosse oficializado pela presidente Dilma Rousseff. A presidente, entretanto, ainda não bateu o martelo sobre a indicação de Lopes.

A ideia inicial era dar o cargo ao peemedebista como uma tentativa de ajudar a reconduzir Leonardo Picciani (RJ), que é contra ao impeachment da presidente, à liderança do PMDB na Câmara. Ao oferecer espaço ao parlamentar mineiro, o Planalto imagina neutralizar a bancada do partido de Minas Gerais, que quer indicar um candidato para concorrer com Picciani.

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Ouça a entrevista completa