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Dilma defende PAC; Serra muda o tom e faz discurso nacional

Os dois principais pré-candidatos à Presidência participaram de inauguração em Sorocaba ao lado de Lula

Foto do author José Maria Tomazela
Por Anne Warth , José Maria Tomazela , da Agência Estado e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

Presidente Lula foi ladeado por Serra e Dilma durante evento em Sorocaba. Foto: Epitácio Pessoa/AE

 

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SOROCABA, SP - Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, o governador de São Paulo José Serra mudou o tom e adotou um discurso mais nacional nesta terça-feira, 2. Ele esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a pré-candidata do PT, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, na inauguração da fábrica de máquinas agrícolas da Case New Hollan (CNH), em Sorocaba.

 

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O discurso de Serra mostra uma mudança de tom do governador paulista, três dias depois da divulgação de pesquisa Datafolha apontando forte crescimento da candidatura de Dilma. Serra, que vinha se dedicando exclusivamente ao governo do Estado, adotou um discurso político e nacional, e citou o papel do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para a retomada e modernização da indústria automobilística.

 

"Eu pessoalmente participei dessa modernização em 1995 quando muitas fábricas, inclusive a Ford, estavam para deixar o Brasil em função da valorização cambial, juros e retirada de tarifas (de importação). Nós fizemos um programa de modernização que impulsionou bastante o setor e ele veio se expandindo em condições de muito boa qualidade e produtividade", afirmou Serra, em Sorocaba.

 

Serra ainda mostrou preocupação com o déficit nas exportações brasileiras no setor automotivo. "Nos preocupa hoje em dia, uma preocupação que é compartilhada pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também participou do evento), a questão das exportações do setor (automobilístico). No ano passado, tivemos um déficit de US$ 3,7 bilhões nessa área, incluindo autopeças, e é importante que a indústria se desenvolva também exportando, não apenas atendendo, embora seja seu motor principal, o mercado interno", disse. "É uma preocupação que nós compartilhamos com o governo federal e estamos dispostos a apoiar medidas que produzam uma inversão, uma inflexão nessa tendência", declarou.

 

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Terninho vermelho

 

Vestida de terninho vermelho e sempre ao lado do presidente Lula, que visitou as instalações da CNH por cerca de uma hora, Dilma iniciou seu discurso "rompendo o protocolo". Antes de fazer os tradicionais cumprimentos a todas as autoridades presentes à cerimônia, a ministra fez uma saudação especial aos trabalhadores da unidade. "Presidente, vou pedir licença ao senhor, quebrar o protocolo, exaltar aqui os trabalhadores e trabalhadoras da CNH e dizer que esse é um projeto que tem essa característica: combina a força dos empresários com todo o empreendedorismo e capacidade dos nossos trabalhadores do Brasil. Então saúdo e dou os parabéns a vocês responsáveis aqui por essa abertura", afirmou, sob aplausos dos presentes.

 

Dilma dedicou boa parte do seu discurso a defender o PAC. A pré-candidata do PT usou uma reportagem do jornal Valor Econômico, publicada nesta terça, para falar sobre o êxito do programa. De acordo com a reportagem do Valor Econômico, empurrados pelo calendário eleitoral e pelo aumento dos gastos do PAC, os investimentos públicos do governo federal cresceram 82,3% no primeiro bimestre do ano, para R$ 4,306 bilhões, ante R$ 2,361 bilhões nos meses de janeiro e fevereiro de 2009. Ainda de acordo com a reportagem, do total investido no bimestre, 84% são "restos a pagar", recursos do exercício fiscal anterior que não foram gastos.

 

"Para vocês terem uma ideia, nos dois primeiros meses do ano o investimento público no Brasil cresceu de forma muito significativa, quase 80%", afirmou a ministra. "Nesse processo de crescimento, toda demanda por rodovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, ferrovias, poços de petróleo da Petrobras, além de saneamento e habitação, alcançam 51% de todo esse aumento", declarou. "Sem dúvida nenhuma vamos assistir neste ano a uma imensa aceleração da demanda de investimento e isso vai resultar num grande benefício para o País como um todo, que é o fato de que vamos gerar empregos de qualidade, com carteira assinada, para muitos e muitas brasileiros e brasileiras."

 

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Ao falar sobre as ações do governo federal no combate à crise, Dilma fez questão de afirmar que o Estado de São Paulo, governado por seu provável adversário, o tucano José Serra, foi um dos mais beneficiados pelas medidas. "Sem sombra de dúvida, os anos de 2008 e 2009 tiveram por parte do governo do presidente Lula uma firme determinação no sentido de não deixar que a crise nos abatesse. E essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo pelo fato de que São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil", afirmou.

 

A ministra disse ainda que um dos principais méritos de Lula foi reconhecer que o crédito e o consumo eram fatores fundamentais para gerar crescimento econômico. "Nosso mercado consumidor é talvez uma de nossas maiores riquezas. Nossa grande força", afirmou. "Nós passamos de uma situação de cerca de R$ 300 bilhões em crédito disponibilizado para o País em 2003 para R$ 1,4 trilhão hoje. Isso explica a pujança do País."

 

Disputa de programas

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Diante da cúpula mundial do grupo Fiat, o presidente e a pré-candidata petista à sucessão, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), fizeram a apologia do Programa de Aceleração Econômica (PAC), do programa Mais Alimentos, que financia tratores para a agricultura familiar, e do Minha Casa Minha Vida, de financiamento de casas. Serra respondeu invocando os investimentos em programas habitacionais, na geração de empregos e na formação profissionalizante - o que teria contribuído para a decisão da Case de retornar para São Paulo.

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