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Dilma defende 'medidas corretivas' no governo para manter 'projeto vitorioso nas urnas'

Na primeira reunião ministerial do segundo mandato, presidente alega que ajuste fiscal é necessário para manter crescimento

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Eduardo Rodrigues , Ricardo Brito , Carla Araujo e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:
A Presidente Dilma Rousseff discursa nareunião ministerial na granja do torto Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

BRASÍLIA - Na primeira reunião ministerial do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff defendeu nessa terça-feira, 27, medidas corretivas” para manter o rumo do País, mas garantiu que direitos trabalhistas são “intocáveis”. Pressionada por sindicalistas, pela oposição e até por aliados, que mostram incômodo com o endurecimento das regras para concessão de benefícios como o seguro-desemprego, Dilma também convocou a equipe de ministros a travar a “batalha da comunicação” para impedir o que chamou de “falsa versão” dos fatos. 

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“Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo, para ampliar as oportunidades, preservando prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12 anos”, disse Dilma, ao abrir a reunião ministerial, na Granja do Torto. 

O discurso da presidente foi pontuado por recados políticos, após a divulgação de um “saco de maldades” na economia e no rastro de uma série de protestos levados a cabo até pelo PT depois que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou várias medidas repudiadas pelo partido durante a campanha eleitoral. 

Cobrada até mesmo por aliados a fazer um contraponto à agenda negativa, a presidente disse, em seu primeiro pronunciamento após a posse, no dia 1.º, que não se desviou dos compromissos assumidos. 

“Mostraremos que não alteramos um só milímetro do projeto vencedor das eleições”, destacou a presidente. 

Em 40 minutos de discurso, Dilma também mencionou a corrupção na Petrobrás, os “vultosos investimentos” para combater a crise hídrica e o impacto da seca no preço da energia, mas não deixou dúvidas de que o principal assunto no cardápio da reunião era a defesa da política econômica. 

Levy, mais tarde, fez um diagnóstico sobre a situação fiscal, apontando o ajuste em curso como saída para a manutenção do desenvolvimento econômico e social. “Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juro no médio prazo e garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e renda”, argumentou Dilma, diante de 39 ministros. “Tomamos algumas medidas que têm caráter corretivo, são medidas estruturais que se mostram necessárias em quaisquer circunstâncias.” 

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Na lista das correções de rota, ela citou o seguro-desemprego, o abono salarial, a pensão por morte e o auxílio-doença. Disse ser necessário adequar os benefícios às novas condições “socioeconômicas” do País, mas negou prejuízos aos trabalhadores e fez questão de separar o ajuste fiscal dessas iniciativas. 

O governo tem nova negociação com representantes de centrais sindicais no próximo dia 3, em São Paulo, e já sabe que, no Congresso, a proposta que torna mais rígido o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários poderá sofrer alterações para ser aprovada. Por enquanto, porém, Dilma define o que a oposição batizou de “saco de maldades” como “aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua justiça.” Foi ao dizer que somente o reequilíbrio das contas públicas permitirá a preservação de programas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos que Dilma orientou os ministros a se unirem na defesa das medidas do governo, mesmo as mais indigestas. 

‘Batalha’. “Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. (...) Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas”, insistiu ela. 

Sem esconder o incômodo com o desgaste provocado por medidas que restringem os benefícios trabalhistas, e devem economizar R$ 18 bilhões por ano aos cofres públicos, Dilma voltou a bater na mesma tecla. 

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“Quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: “Não é verdade! Os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los.” 

Petrobrás. Dilma também aproveitou a reunião ministerial de ontem para defender a Petrobrás, alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de corrupção na estatal. 

A preocupação do governo é com prejuízos ao ambiente de negócios, à exploração do pré-sal e ao fechamento de postos de trabalho, após a avalanche de denúncias que atingiu a empresa petrolífera. 

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“Nós temos que saber punir o crime, mas nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e o emprego do País. Temos de fechar as portas para a corrupção. Nós não podemos, de maneira alguma, fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego”, afirmou a presidente. 

“Punir, ser capaz de combater a corrupção não pode significar a destruição de empresas privadas também. As empresas têm de ser preservadas, as pessoas que foram culpadas é que têm que ser punidas.”

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