Dilma decidirá destino de Lupi só na volta da Venezuela

Por Tania Monteiro
Atualização:

O destino do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, só será selado na volta da presidente Dilma Rousseff da viagem de três dias à Venezuela, para onde embarcou hoje no início da tarde. Apesar de não ter atendido, pelo menos por enquanto, à recomendação da Comissão de Ética Pública, de demitir Lupi, e encaminhado ofício ao colegiado pedindo que informe o que embasou a decisão de sugerir o afastamento de Lupi do cargo, a presidente Dilma exigiu do ministro do Trabalho explicações cabais das denúncias publicadas hoje na imprensa de duplo emprego.A própria ministra-chefe da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, deu o tom da preocupação e insatisfação da presidente com essa nova denúncia contra Lupi. "Quanto à acusação de duplo emprego que saiu hoje na Folha de S. Paulo, o ministro disse à presidenta que vai apresentar explicações. E a presidenta está esperando estas explicações", declarou a ministra à imprensa.Com isso, a sinalização é de que, somente na semana que vem, quando a presidente retornar de Caracas, a crítica situação do ministro Carlos Lupi será reavaliada por Dilma e seus auxiliares mais próximos. Essa denúncia do duplo emprego poderá ter sido a pá de cal contra Lupi e poderá antecipar a sua saída do cargo, atrapalhando os planos de Dilma, que pretendia só fazer novas mudanças no seu primeiro escalão na reforma ministerial, em janeiro ou fevereiro.A decisão de não afastar Lupi agora também mostra o perfil de Dilma de deixar bem claro que não aceita imposições sobre o que deve ou não fazer, e quando deve fazer. A presidente não gostou da postura da Comissão de Ética e considerou inconsistentes as primeiras argumentações apresentadas pelo presidente Sepúlveda Pertence para propor a demissão de Lupi, assim como as declarações da conselheira Marília Muricy, relatora do caso na comissão.Dilma não escondeu seu incômodo com o comportamento da Comissão. No Palácio do Planalto, todos ficaram surpresos com a forma como o fato foi conduzido e também com a antecipação da reunião. A reunião do colegiado, que estava marcada para o dia 5 de dezembro, foi antecipada para ontem, dia 30 de novembro. A antecipação, no entanto, foi decidida na reunião de 17 de outubro, cuja ata está publicada desde o início de novembro.O ministro Carlos Lupi, também irritado com a decisão da Comissão, além de pedir reconsideração das punições a ele aplicadas - advertência e sugestão de exoneração - anunciou que vai encaminhar ofício à Comissão pedindo cópia da ata e até a degravação da reunião.

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