Dilma critica PSDB e diz que tucanos não gostam da palavra 'gratuito'

Candidata volta a afirmar que 'FHC quebrou o Brasil ' e reage a citação de elogio seu a tucano em programa de adversário

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Por Ricardo Della Coletta , NIVALDO SOUZA e TÂNIA MONTEIRO E VERA ROSA
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, alfinetou nesta segunda-feira o candidato de oposição Aécio Neves (PSDB), afirmando que os tucanos não gostam de duas palavras: "gratuito e subsídio". A provocação foi usada por ela para defender o programa Minha Casa, Minha Vida e o Pronatec, que oferece cursos técnicos. "O Pronatec tinha de ser gratuito, senão você faria a velha seleção por cima. Só aqueles que teriam condições de pagar o curso fariam", disse. Ela voltou a afirmar que o PSDB proibiu a criação de escolas técnicas gratuitas durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "Eu e o Lula fizemos 422 escolas técnicas", disse, ressaltando que o foco do governo petista foi a "prioridade social". "Nós não julgamos só quatro anos, comparamos a consolidação de um projeto", afirmou. A presidente citou o aumento de 71% do salário mínimo nos 12 anos de governo do PT como exemplo do foco no social. "Não aceitamos que o salário mínimo seja controlado pela inflação", criticou. Ela também reagiu ao uso, pelo PSDB, de uma carta enviada a Fernando Henrique Cardoso em 2011, na qual a petista tece elogios ao ex-presidente. Numa mensagem enviada a Fernando Henrique em razão do seu aniversário de 80 anos, Dilma se refere ao tucano como "ministro arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação". A carta foi usada no programa eleitoral do PSDB. "Eu mandei mesmo. Eu acho que a estabilização da moeda é um grande ganho. Mas não significou estabilização da economia. É fato que saímos da hiperinflação, mas também é fato que ele (FHC) quebrou o País três vezes", rebateu Dilma. Ela elencou dados econômicos da gestão Fernando Henrique à frente do Palácio do Planalto. Disse que ele recebeu o governo com uma relação dívida líquida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 25% e entregou o mesmo indicador em 2002 com 60%. "Nós reduzimos para 35,9%", afirmou. "Eu continuo achando que ele fez algo importante durante o governo Itamar (Franco), ao garantir a estabilização da moeda. Isso nunca vai significar estabilização da economia", argumentou Dilma. "Ele deixou o País desequilibrado internacionalmente, deixou o País com um desemprego bastante elevado. Ele deixou o País numa situação muito precária", disparou. Ela ironizou ainda o uso da carta no programa eleitoral do PSDB. "Eu acho fantástico utilizar um cumprimento que eu faço a ele por um fato para estender isso para toda a gestão dele". Mercosul. Dilma criticou também hoje a política externa proposta por seu oponente Aécio Neves (PSDB). Ela afirmou que o candidato tucano quer o retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), posposta nos anos 1990 para integrar a América Latina e os Estados Unidos. "É muito importante ver que volta aquela velha proposta da Alca, para a criação de condições para liberar o mercado", disse. "Significa o velho modelo de não negociar e o País perde soberania, autoridade." Dilma também disse que o tucano é uma ameaça à integração da América Latina por meio do Mercosul, embora o bloco econômico agrupe apenas países da América do Sul. "Se você olhar a política externa proposta (por Aécio), o Mercosul não é mais importante, a gente volta as costas para a América Latina inteira. O Brics (grupo emergente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), por exemplo, eles fingem que não viram", afirmou. A presidente comentou a reeleição do presidente da Bolívia, Evo Morales, que ontem se sagrou vitorioso na sua terceira disputa consecutiva para o cargo. "Evo Morares foi eleito no primeiro turno com uma votação muito consagradora", disse.

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