Dilma continuará confrontando Marina para ter vantagem segura no 2º turno

Um dos estrategistas da campanha de reeleição de Dilma disse à Reuters que o eleitorado da petista terá que crescer entre os indecisos

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Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:
Desde a entrada de Marina na corrida presidencial, Dilma tem oscilado para cima e para baixo nas intenções de voto para o primeiro turno Foto: Ed Ferreira/Estadão

A campanha petista vê espaço para explorar a "arca de Noé de contradições" da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, numa tentativa de enfraquecer a adversária na disputa do segundo turno, mas identifica limitações nessa estratégia uma vez que ainda há votos de indecisos para conquistar.

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Um dos estrategistas da campanha de reeleição de Dilma disse à Reuters que o eleitorado da petista terá que crescer entre os indecisos, por isso não há como manter a estratégia centrada apenas nos ataques a Marina e seu programa de governo. Principal adversária de Dilma, a ex-senadora tem sido o grande alvo das peças publicitária do PT até agora.

Desde a entrada de Marina na corrida presidencial, Dilma tem oscilado para cima e para baixo nas intenções de voto para o primeiro turno. Já nas simulações de segundo turno, a petista recuperou algum terreno nas últimas pesquisas e apareceu em empate técnico com a candidata do PSB.

"Marina é uma arca de Noé de contradições", disse esse estrategista, sob condição de anonimato. Na avaliação dele, Marina muda de opinião a "toda hora" por temer perder votos, mas isso está deixando os eleitores com dúvidas.

"Eu acho que está cada vez mais evidente e é crescente o número de pessoas que olha para a Marina com dúvida", avaliou.

Segundo ele, Dilma já recuperou os votos que perdeu para a candidata do PSB e agora é hora de focar nos indecisos. Por isso, a campanha na TV nesta reta final deve ficar mais centrada em novas propostas para um eventual segundo mandato.

"Vamos ganhar o primeiro turno, mas temos que abrir a maior dianteira possível para o segundo turno", acrescentou.

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A aposta contra Marina, no entanto, pode estar ajudando também o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Ele tem mirado a adversária do PSB para recuperar o voto antipetista e, segundo a pesquisa Ibope mais recente, foi o maior beneficiário dos ataques a Marina.

O tucano, que depois da entrada de Marina no páreo foi parar no terceiro lugar, recuperou terreno e subiu quatro pontos percentuais no levantamento divulgado na terça-feira. [nL1N0RH300]

"Tem eleitor que está voltando para o Aécio, porque teme a Marina", avaliou esse estrategista de Dilma. Mas a campanha da presidente dá a impressão de ter certeza de que o segundo turno está definido entre Dilma e Marina.

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Segundo o estrategista, pode estar nascendo o eleitor "antipetista e antimarina". Isso impediria um migração integral dos votos de Aécio para Marina no segundo turno.

DIREITOS TRABALHISTAS Uma outra fonte da campanha alertou, porém, que o confronto com Marina não deve ficar em segundo plano nessa reta final, porque nos 15 dias finais o eleitor se concentra na campanha eleitoral e define o voto. Por isso, as críticas agora têm peso maior na escolha do eleitorado. "Não se ganha a eleição mandando flores para o adversário. Tem que manter as críticas e o tom agressivo também", disse essa fonte, também sob condição de anonimato. O mais novo alvo da campanha de Dilma são declarações recentes de Marina sobre a necessidade de "atualizar a legislação trabalhista". Dilma já havia confrontado Marina em temas como a exploração de petróleo na camada pré-sal e a proposta de independência formal do Banco Central. Nos dois casos, a estratégia de Dilma surtiu efeito e lhe rendeu votos, segundo seus estrategistas. Na quarta-feira, após se reunir com empresários em Campinas, a presidente disse que não mudará direitos trabalhistas. "Lei de férias, 13º (salário), fundo de garantia, hora-extra, isso não mudo nem que a vaca tussa", disse Dilma. [nL1N0RI1N7] Apesar de não ter detalhado o que seria atualizado na legislação trabalhista, o programa de governo de Marina é bem claro em relação à manutenção dos direitos dos trabalhadores. "Mudanças nas regras trabalhistas: modernizar as relações entre empresas e empregados para ampliar a proteção aos trabalhadores e às novas categorias; manter os direitos conquistados; criar um ambiente de maior segurança jurídica", diz o texto do programa do PSB. Para não deixar dúvida alguma sobre o tema, na quarta-feira, Marina disse que "os direitos dos trabalhadores precisam ser respeitados, todas as suas conquistas devem e precisam ser respeitadas".

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