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Dilma autoriza ministras a negociar prazo para ‘restos a pagar’ e emendas

Presidente ativou balcão de negócios com o Congresso, cujo arsenal envolve a distribuição de cargos, afagos a líderes partidários, agendamento de audiências e reuniões, e, sobretudo, promessa de liberar dívidas pendentes até o fim do ano

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Na tentativa de se aproximar mais do Congresso e garantir a aprovação de projetos importantes para o governo, como a medida provisória que cria um regime diferenciado de licitação para as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, a presidente Dilma Rousseff ativou o seu balcão de negócios. Um arsenal que envolve agilidade na distribuição de cargos, rapapés com líderes partidários - rituais que até então a presidente se recusava a incorporar - e liberação de emendas parlamentares.

 

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O governo já acena com a possibilidade de negociar com os deputados e senadores da base aliada a liberação de 50% do Orçamento deste ano destinado às emendas parlamentares feitas para contemplar obras em suas bases eleitorais. A presidente autorizou ainda as duas auxiliares escaladas para o núcleo político - Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) - a dizerem que até o dia 15 de julho definirá o que vai fazer com os chamados "restos a pagar" - dívidas de quase R$ 28 bilhões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com Estados e municípios cujos recursos ainda não foram repassados a obras iniciadas em 2009 e 2010.

 

Os parlamentares querem que a data-limite para o pagamento dos restos a pagar, hoje fixada em 30 de julho, seja adiada para 31 de dezembro.

 

Cargos. Para agradar ao PSB, Dilma nomeou na terça-feira, 14, Marcelo Dourado diretor-superintendente da recém-criada Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e Cleber Ávila Ferreira diretor de Gestão e de Fundos da autarquia.

 

A própria ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ligou na noite de segunda-feira, 13, para senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para dizer que a nomeação sairia no Diário Oficial da União do dia seguinte. Dourado foi chefe de gabinete de Rollemberg quando este era deputado em Brasília.

 

Aos senadores do PR, com os quais almoçou ontem no Palácio da Alvorada, Dilma prometeu que dará uma diretoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ao ex-senador Cesar Borges, um dos líderes do partido na Bahia.

 

Para abrir a vaga a Borges, um dos atuais diretores do Dnit terá de ser demitido. Borges concorreu ao governo do Estado e foi derrotado por Jaques Wagner (PT), que se reelegeu.

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Empenhada em refazer a combalida articulação política de seu governo, Dilma prometeu bem mais do que as nomeações, que começaram a ser desemperradas na semana passada, com a definição do novo presidente do Banco do Nordeste entregue a Jurandir Santiago, apoiado pelo PT, PSB e PMDB. Ela instruiu Ideli e Gleisi a receber os parlamentares sempre que houver um pedido de audiência, retornar telefonemas e manter as portas abertas para todos.

 

Ao mesmo tempo, a ministra Ideli Salvatti deu início a uma intensa série de reuniões com os parlamentares. Primeiro, participou, junto com Gleisi Hoffmann, do almoço no Palácio da Alvorada com os senadores do PR. Depois, foi ao Senado conversar com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

 

Revolta. Ao saber que havia uma revolta na Câmara, por não ter comparecido a um almoço com os líderes partidários, pois estava junto dos senadores do PR, Ideli marcou uma reunião com os deputados para o final da tarde. Prometeu que atenderá a todos eles e lhes deu a notícia mais esperada: o governo pretende pagar o que deve de obras de Estados e municípios e liberar as emendas parlamentares.

 

Desconfianças. Apesar de todo empenho da presidente Dilma Rousseff em se aproximar do Congresso - e de anunciar que passou a fazer a articulação política para fugir da fama de "gerentona de cintura dura" -, ainda há desconfianças quanto às intenções do governo.

 

O PMDB do Senado, por exemplo, reclamou ontem que Dilma havia optado por nomear um petista para a Diretoria de Obtenção de Terras do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) quando todas as negociações apontavam para a escolha de Raimundo Lima, apoiado pelo partido.

 

O PSB, ao contrário do PMDB, considerou muito importante ganhar a direção da Sudeco. / COLABORARAM ROSA COSTA e TÂNIA MONTEIRO

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