BRASÍLIA - Em reunião no Palácio da Alvorada, na manhã desta terça-feira, 1, a presidente Dilma Rousseff apelou a líderes da base governista na Câmara e no Senado para que garantam a aprovação do projeto de lei do Executivo, o PLN 05, que altera a meta do superávit primário de 2015 e autoriza o governo a adotar como meta um déficit primário de R$ 51,2 bilhões, que pode chegar a R$ 119,9 bilhões com o pagamento das chamadas pedaladas fiscais.
A presidente disse saber que a oposição tentará obstruir a votação da sessão do Congresso, marcada para esta noite, mas deixou claro que a medida "tem que ser aprovada", segundo relatos de participantes do encontro.
De acordo com um líder que participou da reunião, a presidente afirmou que, assim que a nova meta for aprovada, haverá um descontingenciamento do orçamento. Ainda de acordo com participantes do encontro, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que, caso o PLN 05 não seja aprovado nesta noite, vários serviços essenciais "podem entrar em risco" a partir da semana que vem, citando como exemplo o INSS, serviços de limpeza, conservação e manutenção.
O assunto dominou quase toda reunião, mas também falou-se em CPMF. De acordo com participantes do encontro, Dilma disse que o governo não queria aumentar impostos mas considerou o chamado imposto do cheque como menos danoso. No entanto, ela disse que esse não era um tema para enfrentamento nesta terça.
O ministro da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini, daria uma declaração à imprensa após o encontro, mas cancelou a entrevista e ficou para almoçar com a presidente.
Dilma decidiu conduzir pessoalmente a reunião nesta terça e tomar a frente da articulação política do governo para garantir a aprovação do projeto que altera a meta fiscal de 2015 e desmobilizar as movimentações pelo seu impeachment.
A informação de que Dilma havia decidido participar do encontro com parlamentares que acontece semanalmente foi divulgada na última sexta-feira, 27, pelo Estado. O agravamento da crise política após a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) fez com que a presidente encurtasse a viagem que faria pelo exterior esta semana para retornar antes ao Brasil e monitorar a situação de perto.
Além de Nelson Barbosa, os líderes na Câmara e no Senado e o vice-presidente Michel Temer também participaram da reunião.