
01 de dezembro de 2015 | 07h31
Paris - A presidente Dilma Rousseff declarou ontem, em Paris, que ficou “perplexa” com a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, na semana passada. Foi a primeira vez que ela falou publicamente sobre o tema. Ela voltou a afirmar que não indicou o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró para ocupar o cargo na estatal e alegou que “não sabia de tudo” sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
“Obviamente, fiquei bastante surpresa com a prisão do senador Delcídio”, disse a presidente durante a 21.ª Conferência do Clima (COP21) em Paris. Ela acrescentou que não teme o que o parlamentar possa dizer em uma eventual delação premiada. “Não tenho nenhum temor com a delação do senador Delcídio. Fiquei perplexa porque jamais esperei que pudesse acontecer com o senador Delcídio”, acrescentou.
A presidente disse que a prisão de Delcídio gera um impacto pelas boas relações que o parlamentar tinha com a base aliada e com a oposição, mas que o governo segue em frente. “O senador Delcídio era de fato uma pessoa bastante bem relacionada no Senado. Nós o escolhemos porque ele era bem relacionado, inclusive com a oposição”, afirmou. “Mas, infelizmente, nenhum de nós é insubstituível. As questões com o Congresso vão se dar normalmente, (o Congresso) vai desempenhar sua função em relação à economia do País, às suas funções no País”, ressaltou a presidente.
Na minuta da delação premiada do ex-diretor da Petrobrás, há anotações do executivo à mão dizendo que a presidente Dilma “sabia de tudo de Pasadena”. A aquisição da refinaria é investigada por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. “Eu não indiquei Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobrás. Eu acredito que o senador Delcídio se equivoca. Ele não é minha indicação, ele não é da minha relação, e isso é público e notório”, afirmou.
Questionada se sabia das suspeitas de irregularidades do processo de compra da refinaria, a presidente disse: “Não só eu não sabia de tudo, como foi detectado – e isso todos os conselheiros que estavam comigo no Conselho da Petrobrás podem atestar – que quando soubemos que ele não havia dado todos os elementos para nós, eu fui uma pessoa que insistiu para ele sair”.
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