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Dilma afirma ser preciso 'desmontar palanques' e 'saber ganhar ou perder'

Presidente recebe aliados do PSD na primeira solenidade no Planalto após a reeleição e diz que ressentimento de derrotados nas urnas é ‘incompreensão’ da democracia, assim como ‘soberba’ não pode definir as atitudes de quem venceu as eleições

Por RAFAEL MORAES MOURA E TÂNIA MONTEIRO
Atualização:

Atualizado às 23h10

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Brasília - Um dia após o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reaparecer publicamente e retornar ao Congresso para assumir o papel de líder da oposição, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta que é preciso “desmontar os palanques” e “saber ganhar e saber perder”. Na primeira cerimônia oficial depois de reeleita, em encontro com lideranças do PSD no Palácio do Planalto, Dilma disse que ressentimento entre os perdedores das urnas é “uma incompreensão” do processo democrático e ressaltou que a atitude dos vencedores não pode ser nem “soberba nem de pretensão de ser o último grito em matéria de visão política”.

Dilma fez um discurso de improviso, no qual disse que “há que saber ganhar, como há que saber perder”, e mencionou cinco vezes a palavra “diálogo”. Após reconhecer que “campanha acirra ânimos”, a presidente defendeu a mudança do “ritmo da discussão”. “Desmontar os palanques significa perceber que na democracia, no processo eleitoral, se disputam visões, propostas, as mais diferentes, e essas propostas e essas visões são levadas ao escrutínio popular.”

Em uma estocada em Aécio, sem citar nomes, Dilma disse que “o ato de poder ou não ganhar faz parte do jogo democrático”, acrescentando que as duas situações exigem uma atitude. “A atitude do ganhador não pode ser nem de soberba, nem pretensão de ser o último grito em matéria de visão política.”

Na cerimônia, Dilma afirmou que qualquer tentativa de retaliação por parte de quem ganhou ou de ressentimento entre os perdedores é “uma incompreensão do processo democrático”. “Criaria no Brasil um quadro caótico: o presidente eleito por um lado não conversa com o governador eleito por outro. O senador eleito por um lado não conversa com o outro senador eleito por outro. Não pode ser assim”, disse a presidente. “Isto não implica que nós podemos pretender que alguém abra mão das suas convicções ou das suas posições.”

Expectativas. O evento serviu para o PSD endossar o apoio ao segundo mandato de Dilma e cacifar o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, a assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios. Kassab pleiteia o Ministério das Cidades.

Em retribuição, Dilma destacou a importância da sigla para a governabilidade. “O PSD tem uma característica: acredito que o centro político é um espaço privilegiado nas democracias e que um centro político é um espaço que nós temos de considerar como sendo extremamente importante.”

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Este encontro de Dilma com o PSD foi alvo de especulações pela expectativa de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, filiado ao partido e cotado para o Ministério da Fazenda, fosse ao Planalto. Dilma assegurou que não esteve com ele. O PSD tem um filiado na Esplanada, Guilherme Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa), considerado da cota pessoal da presidente. Ele deve ficar no cargo.

Reforma. Em meio à expectativa sobre a reforma ministerial, Dilma preferiu falar sobre a política. No mesmo tom de diálogo, a presidente declarou que “ninguém do governo pretende ter a fórmula pronta” de como o tema será tratado. “Não podemos descuidar dos interesses populares expressos durante toda a campanha. Temos de ter a convicção de que isso é algo que temos de assumir e encaminhar.”

Em entrevista à TV Band, dois dias depois de reeleita, Dilma havia afirmado que a reforma política poderia ser feita tanto por plebiscito quanto por referendo, sinalizando um recuo da intenção inicial, pró-plebiscito.

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