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‘Deterioração da democracia não é espantalho, é ameaça real e presente’, diz Schwartsman

Ex-diretor do BC e um dos signatários do manifesto em defesa do sistema eleitoral, economista diz que não se pode fazer ‘vista grossa’ diante da postura adotada pelo presidente Bolsonaro

Foto do author Cicero Cotrim
Por Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

A retórica adotada pelo presidente Jair Bolsonaro contra instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra o sistema eleitoral brasileiro invoca uma ameaça real para a democracia do País. A avaliação é do ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) Alexandre Schwartsman, um dos signatários do manifesto ‘Eleições serão respeitadas’, que reuniu centenas de empresários, banqueiros, economistas, diplomatas e juristas em oposição às ameaças do mandatário.

“Não tem como fazer vista grossa para quem ameaça o processo democrático. A gente viu isso acontecendo nos Estados Unidos, mas as instituições seguraram o tranco. Outros países tiveram menos sorte: vimos uma deterioração da democracia na Hungria, na Polônia, na Turquia. Isso não é um espantalho, é uma ameaça real e presente”, afirma Schwartsman, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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Para o economista, a escalada das declarações de Bolsonaro, que nos últimos dias repetiu acusações de fraude nas eleições, disse que não haveria eleição em 2022 sem “eleições limpas” e atacou os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes –  mostram um aumento do risco de ruptura institucional no País.

“Dizer que só vai ter eleição com o ‘voto auditável’, esse discurso de ‘só pode ser do meu jeito’, deixa muito claro que Bolsonaro tem um risco considerável de perder a eleição e está indo na esteira do (ex-presidente dos EUA Donald) Trump, de desqualificar o processo eleitoral”, afirma.

“Não é só uma questão da retórica presidencial, se insere em um problema mais grave que é uma piora das instituições e uma ameaça concreta contra essas instituições, e isso a gente não pode admitir.”

Para Schwartsman, o documento traz um peso importante por evidenciar a oposição à postura de Bolsonaro dentro de um setor que é normalmente visto como uma potencial base de apoio para o governo. “Mas são pessoas que entendem que a democracia é mais importante. Não é só a eleição, é o respeito aos direitos das minorias, é a conservação das instituições. Há uma série de valores que nos guia”, diz o economista.

Empresários e intelectuais assinam manifesto de apoio ao sistema eleitoral. Foto: Reprodução/Estadão
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