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"Desespero não leva a lugar algum"

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Por Agencia Estado
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Todo problema tem solução. E, se há solução, então deixou de ser problema. É com essa visão que a radialista aposentada Izaura Marques Piffer, de 79 anos, sempre tocou a vida. O otimismo foi herdado da mãe. A alegria e o jeito brincalhão, do pai. "A vida não é só maravilha", reconhece. "Mas desespero não leva a lugar nenhum." Izaura garante que otimismo atrai otimistas. "Estou sempre rodeada de gente descontraída, que gosta de brincar." Também foi de sua mãe que o engenheiro mecânico Oswaldo Semino Filho, de 56 anos, herdou o jeito otimista de ser. "Aprendi com ela e também com a vida." Como Izaura, ele acredita em soluções. "Quando tudo se resolve, vemos que o problema nem era tão grande. O ser humano tem a tendência de potencializar as dificuldades." "Não podemos transformar a vida em um drama", recomenda Izaura. "Rir é realmente o melhor remédio. Quanto mais desprendida a pessoa, mais saúde ela terá." E Izaura é profissional do fazer rir. Durante 44 anos, primeiro no rádio e depois na televisão, ela foi comediante. "Talvez tenha relação com meu estado de espírito." Duas filhas e cinco netos definem o tamanho da felicidade de Izaura. "Sou feliz porque tenho tudo isso." Uma felicidade que, segundo ela, muda ao longo da vida. Izaura revela que, com o passar da idade, ela tem mais ânimo. Entre viver alegre ou triste, Oswaldo e Izaura preferem a primeira opção. "Até das coisas ruins dá para tirar alegria", diz Oswaldo. "Tristeza só mesmo para o que podemos mudar e não conseguimos. O que não temos como mudar não pode estragar a alegria." Para Izaura, preocupação envelhece. "Aí o envelhecimento vem mais depressa e toma conta da gente. Sem bom humor, a boca e as sobrancelhas caem, a testa enruga." Oswaldo não deixa por menos: "Mau humor ´encarde´ qualquer coisa." Quando o engenheiro fica de mau humor é indicativo de que está doente. "É um sinal", diz sua mulher, Nilda Calil Semino, de 48 anos. "Ele sempre foi otimista e muito seguro." Nos 25 anos de casamento, Nilda diz que nem o confisco do Plano Collor foi capaz de azedar o jeito do marido. "Com tudo dando errado, ele continuava a acreditar que no fim ia dar certo." Oswaldo justifica: "A vida continua mesmo quando algo dá errado." A alegria de Oswaldo aparece escancarada em seus hábitos. Ele gosta de acordar, ligar o som e dançar uma música com Nilda. Oswaldo nunca abriu mão de almoçar em casa com a mulher e os três filhos. E a paixão por gastronomia rende a ele a participação em uma confraria de cozinheiros. Como Izaura, ele tem um pé na comédia e faz teatro amador, sempre atuando em quadros de humor. "Sem otimismo a pessoa chega no fim da vida carcamana e chata. Eu vou ser um velhinho muito alegre." Izaura não fica para trás. Faz universidade da terceira idade na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), sai para passear e ainda reserva tempo para dar aulas de interpretação ou dirigir teatro amador. "O envelhecimento tem prós e contras. O melhor é obter mais prós. Estar vivo é diferente de viver bem."

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