Desemprego influencia resultado de pesquisa, diz coordenador

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Por Agencia Estado
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A queda do índice de aprovação do governo Lula deve-se principalmente a um mau desempenho da economia e ao desemprego, avaliou o coordenador da pesquisa CNT/Sensus, Ricardo Guedes, segundo o qual "80% da queda de popularidade do governo Lula se deve à queda do emprego". Guedes disse que o caso Waldomiro Diniz não foi o principal responsável pela perda de popularidade do governo. A pesquisa mostrou que 52,8% dos entrevistados não ouviram falar do episódio, enquanto 25,9% apenas ouviram falar e somente 18% têm acompanhado o caso. Do total de entrevistados, 22% consideraram o episódio muito prejudicial ao governo e 9,6% um pouco prejudicial. Os demais o consideraram indiferente ou não responderam a questão. Somente 8,5% dos entrevistados disseram que o episódio mudou a opinião deles sobre o PT, enquanto 12,5% diseram que o caso Waldomiro diminuiu sua confiança no governo; para 25%, ficou inalterada sua opinião sobre o governo; e para 3,8%, a confiança aumentou. Culpa pelo desemprego A pesquisa CNT/Sensus mostrou, também, que aumentou o número de pessoas que atribuem ao governo Lula, e não mais ao governo Fernando Henrique, a responsabilidade pelo desemprego, embora o governo anterior continue sendo apontado como principal responsável pelo problema. O número dos que creditam o problema ao governo passado caiu de 40,3% em agosto de 2003 para 31,5% em março deste ano, enquanto o dos que o atribui a Lula subiu de 9,2% para 17,5% no mesmo período de comparação. A inflação, que era apontada como responsável pelo desemprego por 20%, foi citada por apenas 16,5% neste mês. A pesquisa mostrou, também, que somente 19,5% dos entrevistados com mais de 16 anos tinham emprego fixo e 26,4% estavam procurando por um, enquanto 52,3% não tinham emprego nem estavam à pocura de um. Dos que têm emprego, 52,4% disseram que não abririam mão de direitos para preservar o posto, enquanto 33,7% o fariam. Já entre os que procuram emprego, 48,8% disseram que abririam mão de direitos e 41,2%, que não. Corrupção Outro dado que reforça a avaliação dos pesquisadores quanto ao pouco impacto do caso Waldomiro sobre a opinião pública é a percepção de corrupção no governo Lula, revelada pela pesquisa. Para 44% dos entrevistados, a corrupção é igual à do governo anterior e, para 26,9%, é menor, enquanto apenas 21% a consideram maior que no governo anterior; o número dos que acreditam que ela aumentou muito caiu de 14,8% em dezembro para 11,1% em março deste ano e o dos que acham que aumentou um pouco subiu de 11,6% para 14,1%, enquanto o dos que acreditam que ela ficou como sempre esteve cresceu de 47,4% pára 51,3%. Fechamento de bingos Já o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, acredita que a forma como o governo reagiu ao caso Waldomiro Diniz, fechando os bingos, ajudou na queda de sua popularidade. Embora 49,1% se tenham manifestado a favor do fechamento dos bingos, um grupo expressivo de 40,8% mostrou-se contra essa medida. Segundo Andrade, essa posição pode estar associada ao desemprego provocado pela decisão do governo, que pode agravar uma situação já preocupante para os entrevistados. Ações são mais questionadas A pesquisa CNT/Sensus mostrou que as ações do governo Lula, inclusive na área externa, passaram a ser mais questionadas. Do total ouvido, 43,9% disseram achar que as ações do governo estão sendo conduzidas de forma ineficaz e 39,3%, que a forma é eficaz. Particularmente na política externa, as posições estão divididas: 40% dizem que ela está no rumo certo e 39,9%, que ela é inadequada. Mas uma maioria de 54,9% mostrou-se contra o envio de soldados brasileiros para a força de paz da ONU no Haiti, enquanto 31,9% disseram apoiar a iniciativa. Entre os que consideram as ações do governo ineficazes, 29,3% atribuem a ineficácia ao governo anterior; 22,3%, à equipe do atual governo; 21,9%, às dificuldades econômicas; 11,1%, ao PT no governo e 7,4%, ao cenário internacional.

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