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''Desafio Marta e mostro resultados''

ENTREVISTA - Gilberto Kassab: candidato do DEM

Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

Gilberto Kassab (DEM) se diz otimista e preparado para a disputa do segundo turno. Mas sabe que não será fácil. Depois que as pesquisas de boca-de-urna indicaram que ele iria enfrentar Marta Suplicy (PT), previu: "Serão três semanas difíceis." Extremamente bem-humorado com o resultado de sua primeira disputa a um cargo majoritário - em 2004 concorreu à prefeitura como vice na chapa encabeçada pelo tucano José Serra -, ele recebeu o Estado em seu apartamento, em Pinheiros, no início da noite. E, dizendo-se certo do fez por São Paulo, desafiou a adversária: " Tirando a questão da carga tributária, que ela aumentou mais, ela criou mais taxas, em todos os outros campos eu a desafio. Nossa gestão teve melhores resultados." Pupilo de Serra, disse ter no governador um grande conselheiro. Mas advertiu: "Tenho minha identidade própria." E, negando que estivesse criticando Geraldo Alckmin, afirmou: "Infelizes aqueles que não sabem se aproveitar da experiência de companheiros que o cercam." A seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva ao Estado. O senhor começou a campanha com baixos índices de intenção de voto e dois nomes de peso na política como adversários. Surpreendeu-se com o resultado em sua primeira disputa majoritária? Evidente que o sentimento hoje é de muita alegria, não de surpresa. Mas, à medida que já há alguns meses a gente começou a identificar nas pesquisas uma avaliação muito positiva da gestão, nós passamos a ter uma confiança muito grande na associação da boa avaliação da gestão com a candidatura. Então, eu não diria que (o sentimento) é de surpresa. Como vai ser sua campanha no segundo turno? Vamos continuar com dois pilares fundamentais. O primeiro é o propositivo, mostrando as nossas propostas para os próximos quatro anos. E o segundo é mostrando nossas realizações e comparando com as realizações da ex-prefeita. Evidentemente, o eleitor vai ter mais tranqüilidade, porque tem menos candidatos para comparar as propostas e com isso definir seu voto. Vamos, em um primeiro momento, desenvolver entendimentos partidários, principalmente com os partidos que já estão aliados conosco no governo, como o PSDB e o PPS. O senhor vai aceitar o apoio de Paulo Maluf (PP)? Eu não queria falar em segundo turno, a não ser através dos entendimentos partidários. Aguardo, portanto, a conclusão... O partido delegou ao Guilherme Afif Domingos (coordenador do programa de governo) a condução dos entendimentos partidários. Ao fazer essa delegação, estou excluído da condução (das alianças). Prefiro que o Afif se manifeste partidariamente. Quer o apoio de Geraldo Alckmin ou a troca de farpas entre os dois azedou a relação de vocês? Está magoado com ele? Não vamos falar em candidatura da Soninha, em candidatura do Geraldo Alckmin. Não vou falar em candidatura de ninguém. Vamos falar em entendimento partidário. Se no entendimento partidário houver dificuldade o senhor estaria disposto a pessoalmente, por exemplo, ligar para o Alckmin? O senhor telefonaria para ele? Eu não tenho nenhum constrangimento. Ficou magoado com Alckmin? Não. Agora é uma nova eleição. Não existe mágoa nem não-mágoa. A administração do senhor hoje é basicamente conhecida por ter dado continuidade aos projetos do José Serra. O plano de governo era um só. Era o meu plano de governo com o dele. E esse plano de governo foi cumprido. Agora, temos um novo programa de governo, que será cumprido. Se eleito, o senhor pretende ter sua própria marca? É um governo de continuidade. Um governo em que mais de 50% da população entende que é ótimo ou bom é um governo que não tem sentido mudar. Todo mundo fala que o senhor é pupilo de Serra. O senhor faz o que ele sugere na prefeitura ou toma as decisões por si próprio? Eu tenho minha identidade própria. Mas tenho nele um grande conselheiro. A sua experiência, com os cargos que ele já ocupou e seu espírito público, é evidente que eu tenho nele referência para as minhas ações. Eu tenho nele um conselheiro permanente sem perder a minha identidade. Infelizes aqueles que não sabem se aproveitar da experiência de companheiros que o cercam. É uma crítica indireta a alguém? Não, não. É meu sentimento. Eu tenho nele uma referência muito importante na minha vida pública hoje. Tenho por ele uma grande amizade, uma grande estima. O PT fala em uma disputa acirrada no segundo turno, em que não devem faltar acusações. O senhor está com esse espírito de guerra? Não, não. Meu espírito é de muita serenidade, de muita tranqüilidade. Meu espírito é o mesmo que preponderou no primeiro turno, que é o de concentrar toda a campanha na apresentação de propostas, na participação em debates, entrevistas, seminários. Vamos focar na apresentação das realizações de governo, na consolidação de uma aliança que já existe hoje, e que seja retomada com o PSDB, com o PPS. O PV já está. Há a incorporação de outros partidos como o PMDB, o PR, o PSC. Sua adversária Marta Suplicy e petistas dizem que virão com tudo para cima do senhor no segundo turno. Acusações não ficarão sem respostas? Tenho certeza de que a ex-prefeita deve entender a importância que tem para os eleitores de São Paulo participar de um processo eleitoral em que sejam debatidos projetos, os problemas da cidade; uma campanha baseada em princípios. Eu tenho a sensibilidade, um sentimento, que ela vai direcionar sua campanha, com a experiência que tem na vida pública, com um comportamento compatível com essa expectativa. Se eleito agora o governo é do Kassab, do DEM. Qual será a diferença para o primeiro mandato? Eu quero que continue sendo um governo do DEM, do PSDB, do PPS, do PV, do PMDB, dos partidos aliados. O senhor pretende manter a mesma equipe? Eu não tenho nenhum interesse em fazer nenhuma alteração. Não tenho nenhuma alteração focada. As alterações que acontecerão serão rotineiras. O governo vai continuar. É um governo que se apresenta como um governo de continuidade. Portanto, meu objetivo é a manutenção de seus quadros. Mas é evidente que alterações rotineiras acontecem. Desde que eu assumi já tivemos quatro ou cinco alterações, e é natural que aconteçam, ao longo dos próximos quatro anos, diversas. O senhor tem algum compromisso de oferecer uma cota de cargos ao PMDB? Não. Meu único compromisso com meus aliados é ser um bom prefeito para a cidade de São Paulo. Prefeito, queria insistir na sua carreira política futura. Conferido seu potencial eleitoral hoje, o senhor não vislumbra disputar o governo de São Paulo, em 2010? Vai ficar os quatro anos na prefeitura? Evidentemente. Posso lhe afirmar que minha única ambição é trazer orgulho aos paulistanos que me escolherem como prefeito para que, ao final do meu mandato, eles possam me receber nas ruas com o mesmo carinho com que sou recebido hoje. Quero que as pessoas reconheçam uma prefeitura séria, honesta, onde se usa recurso público com transparência e idoneidade. Essa é a minha única ambição, e eu falo isso com muita sinceridade. Depois do primeiro turno recheado de rusgas, o senhor acredita na manutenção da aliança entre PSDB e DEM em 2010? Não tenho dúvidas de que teremos uma aliança em 2010. Em 2008 o quadro era peculiar. Mas em 2010 estaremos juntos nas eleições estaduais. Meu partido já sabe, e já disse em convenção nacional publicamente, que defenderei a aliança nacionalmente e meu candidato à Presidência da República é José Serra, pois ele é o melhor para o Brasil. Quem o senhor defende que seja o candidato ao governo paulista? Nós temos uma aliança do PSDB com os democratas. Mas o senhor espera que o DEM seja cabeça de chapa? Não. O processo político precisa de lideranças. Essa aliança tem um líder e esse líder se chama José Serra. Caberá a ele coordenar os entendimentos para a sua sucessão. Nós estaremos atrelados à sua liderança para que ele possa indicar o candidato. Se o Alckmin fosse escolhido candidato ao governo paulista em 2010 o senhor o apoiaria? A resposta é a mesma. O governador José Serra saberá indicar o melhor caminho. O senhor espera que Serra se licencie do cargo? Seria um grande equívoco dizer o que ele deve fazer. Não tenho essa pretensão. Ele tem muito espírito partidário. E saberá encontrar a maneira de se posicionar neste segundo turno. As projeções de segundo turno o apontam como favorito. O senhor entra com esse espírito? É outra eleição e seria outro grande equívoco se eu me manifestasse de uma maneira muita positiva. Seria um desrespeito ao eleitor. Estou muito otimista. Quais as razões que devem fazer o eleitor de São Paulo votar em Gilberto Kassab no segundo turno? Boa gestão, os resultados apresentados e, evidentemente, a certeza de que se reeleito nós vamos dar continuidade a esses projetos. E a comparação com a gestão da ex-prefeita. Vamos comparar todos os campos. Tirando a questão da carga tributária, que ela aumentou mais, ela criou mais taxas, todos os outros campos eu a desafio para mostrar que a nossa gestão teve melhores resultados. PADRINHO: "Eu tenho minha identidade própria. Mas tenho nele (Serra) um grande conselheiro" APOIOS: "Não vamos falar em candidatura do Alckmin. Vamos falar em entendimento partidário" FUTURO: "Minha única ambição é fazer um grande mandato. E, se reeleito, fazer um excelente governo" Quem é: Gilberto Kassab Em 1992 é eleito vereador de São Paulo pelo então PL, aos 32 anos É eleito deputado estadual em 1994 Secretário de Planejamento da gestão Celso Pitta em 1997 Em março de 2006, torna-se prefeito com a saída de José Serra para disputar o governo do Estado

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