Desafio do Fórum Social Mundial: impedir a guerra

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência do Brasil foi a mais significativa vitória do movimento de resistência à globalização neoliberal. E o próximo desafio, que pode afirmar as teses defendidas por Porto Alegre, será impedir a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque. A conclusão é dos participantes da Mesa de Diálogo "Qual Globalização e Como o Mundo Deve Ser Governado?", que reuniu mais de 2 mil pessoas no Gigantinho, ginásio do Sport Club Internacional, nesta sexta-feira. Os participantes do debate apresentaram novas teses para melhorar o mundo, distantes da pregação revolucionária, e admitiram que a globalização é irreversível, mas não deve ficar como está. "O que faz avançar o mundo são as idéias e não o dinheiro", ressaltou o deputado português do Parlamento Europeu, Mário Soares, criticando a tese de que o mercado resolve tudo. O ex-presidente de Portugal lembrou que a construção da União Européia nasceu de uma idéia generosa depois de dois grandes conflitos internacionais vividos pelo continente. "Já temos política monetária comum e espero que avancemos para políticas sociais", ressaltou. "Mudamos a ditadura e vamos mudar a globalização porque nos organizamos e nos unimos", discursou o secretário-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, referindo-se aos obstáculos que a resistência enfrentou na América Latina e à democratização do continente. Quem vai construir o novo mundo possível são, segundo os participantes da mesa, os movimentos sociais e políticos por meio da mobilização. E de vitórias eleitorais como a de Lula. "Estamos construindo uma democracia internacional", afirmou Nicolla Bullard, ativista da organização não-governamental Focus on the Global South. Enquanto os outros participantes da mesa recorriam a teses genéricas, o salvadorenho Ricardo Navarro, da Amigos da Terra, propôs mudanças radicais, mas não violentas. Lembrou que instalar pessoas em áreas vulneráveis a terremotos, enchentes e vendavais não é ocupação sustentável. Também sugeriu a extinção de todos os exércitos e da Organização Mundial do Comércio. E que a Organização das Nações Unidas passe a ter controle sobre as empresas multinacionais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.