Derrota abre crise no PT e marqueteiro é alvo , por ''errar mão'' na campanha

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Por Vera Rosa
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A derrota de Marta Suplicy em São Paulo abriu uma crise no PT. Sem conseguir retomar a prefeitura perdida em 2004, o partido procura culpados para o fracasso nas urnas e já anuncia forte oposição ao prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM), na tentativa de impedir o avanço do governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, em 2010. Ainda atordoados com o desfecho da disputa no maior colégio eleitoral do País, os petistas prometem acertar as contas no encontro do Diretório Nacional, em novembro, mas uma prévia do embate ocorrerá hoje durante reunião da Executiva, em Brasília, quando será feito um balanço do desempenho do PT no segundo turno. Dirigentes do PT dizem que a campanha de Marta foi despolitizada na primeira etapa e não conseguiu mais entrar nos eixos desde a veiculação da propaganda que questionava a vida privada de Kassab, perguntando se e era casado e tinha filhos. "Lamentavelmente, a politização do debate foi feita tarde e, ainda assim, com potencial menor do que deveria", afirmou o deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT. "O comercial (que abordava o estado civil de Kassab) obrigou a campanha a ficar na defensiva moral quando era hora de ir para a ofensiva política." No divã petista, muitos querem crucificar o publicitário João Santana, responsável pelo marketing de Marta. O comentário mais ouvido nos bastidores do PT é que Santana "errou a mão" no programa do horário eleitoral e não conseguiu diluir a rejeição da candidata. "O publicitário é o alfaiate, que faz a roupa sob encomenda. Nós não podemos culpá-lo pelos problemas da nossa campanha", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que integrou a equipe de Marta. Na sua avaliação, não é hora de buscar culpados. O que mais intriga a cúpula petista é como foi possível a rejeição de Marta saltar de 32% para 50% em plena temporada eleitoral, segundo o Ibope. A pesquisa indicou, ainda, que 40% dos paulistanos não votam no PT de jeito nenhum. "O outro lado preparou bem o combate à rejeição do Kassab, usou uma estratégia de comunicação eficiente e soube mostrar o que ele está realizando, ironicamente com generosos recursos federais", constatou Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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