RIO - Apesar do isolamento social, a deputada Zeidan Lula (PT) tinha companhia quando apareceu na sessão virtual desta quinta-feira da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Sobre seu ombro esquerdo, à direita da transmissão, figurava o rosto de Ernesto Che Guevara, emoldurado na parede.
Minutos depois, em meio à nacionalização do debate sobre o combate ao coronavírus, uma representante do outro lado do espectro político assumiu o microfone - o do seu computador - para defender o presidente Jair Bolsonaro. Mas, além das palavras, Alana Passos (PSL) fez questão de aparecer com a imagem do presidente ao fundo, também sobre o ombro esquerdo. Em vez de um quadro, contudo, Bolsonaro despontou na forma de um papelão de corpo inteiro colado num armário de MDF.
Zeidan está no segundo mandato na Alerj. Seu marido, Washington Quaquá, é ex-presidente do PT no Rio e, quando prefeito de Maricá, deu início às obras de um hospital cujo nome homenageia Guevara.
Alana, por sua vez, é deputada de primeiro mandato. Foi eleita na esteira do bolsonarismo em 2018 e, quando o PSL se dividiu, passou a integrar o grupo que pretende formar o partido Aliança Pelo Brasil, projeto da família Bolsonaro. Com a entrada do núcleo duro do Aliança no Republicanos, ela almeja disputar a Prefeitura de Queimados, na Baixada Fluminense, na próxima eleição municipal.
Nas sessões virtuais da Alerj, a moda de exibir bibliotecas caseiras não tem vez. Poucos deputados, como Eliomar Coelho (PSOL), expõem suas estantes. A maioria opta por cenários informais e, muitas vezes, mal enquadrados.
O presidente da Casa, André Ceciliano (PT), costuma atuar, a um só tempo, como líder das sessões e técnico de informática. Alguns deputados deixam o microfone ligado quando não estão no seu momento de fala - ou, ao contrário, esquecem de ligá-lo na hora de se pronunciar.
A Alerj aprovou na tarde desta quinta-feira um projeto de decreto legislativo (PDL) que autoriza 66 municípios do Estado a entrarem em situação de calamidade pública. A votação foi simbólica, com todos os deputados votando a favor - independentemente de Che Guevara ou Bolsonaro.