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Deputados do PT pedem saída de governadora do RS

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Por Elder Ogliari
Atualização:

Deputados do PT começaram a pedir a saída da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, após a divulgação hoje de uma conversa do chefe da Casa Civil, Cézar Busatto (PPS), com o vice-governador, Paulo Afonso Feijó (DEM), que mergulhou a administração estadual em sua pior crise. "Ela tem que admitir os erros de seu processo eleitoral e renunciar ao cargo", afirmou Fabiano Pereira, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tenta apurar fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). "Nós vamos defender que a CPI relate ao Ministério Público que estamos diante de crimes eleitorais", complementou Raul Pont. Na gravação, Busatto tenta convencer Feijó, que está rompido com Yeda, a se reaproximar do governo e dá a entender que o Detran e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) são grandes fontes de financiamento de partidos aliados. Ao longo da conversa, Busatto tenta mostrar a Feijó, um empresário que ingressou na política como candidato a vice de Yeda, que quando um pequeno partido (como é o caso do PSDB no Rio Grande do Sul) ganha uma eleição precisa conquistar a maioria para se viabilizar e, para isso, "acaba tendo que fazer concessões importantes" aos aliados. Feijó chega a concordar com o aspecto político, mas questiona os motivos de o governo não interferir em órgãos e empresas sob suspeita de corrupção ou negócios mal feitos. "Por que encobrir o Detran?", questiona. "Desde 2003 eu sei que existe uma quadrilha no Banrisul, por que não querer mudar?" Uma investigação recente da Polícia Federal (PF) indicou que uma fraude desviou R$ 44 milhões do Detran. Uma investigação em andamento no Tribunal de Contas tenta apurar se houve irregularidades na contratação de serviços de uma fundação pelo Banrisul. Na seqüência da conversa, o chefe da Casa Civil diz que "todos os governadores só chegaram aí (ao poder) com fonte de financiamento ou do Detran, do Daer (Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem), quantos anos o Daer sustentou, na época das obras, fortunas, depois foi o Banrisul". Na seqüência, Busatto cita também a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Ao final, o chefe da Casa Civil insiste que gostaria de encontrar formas de resolver o impasse para evitar uma crise, mas os dois não chegam a uma conclusão, deixando a negociação em aberto. Silêncio No pior dia de sua gestão, a governadora Yeda Crusius manteve silêncio e não anunciou nenhuma decisão importante. Ao amanhecer, ela estava pressionada até por aliados a demitir o secretário-geral Delson Martini (PSDB), citado em conversas de pessoas acusadas pela fraude do Detran e convocado a depor na CPI. Uma carta que o empresário Lair Ferst, também implicado no caso Detran, escreveu para ela e acabou enviando ao representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, afirmando que era alvo de pessoas corruptas agravou ainda mais a situação. Ao anoitecer, cerca de 50 estudantes ligados à juventude do PT estavam diante do Palácio Piratini com caras pintadas e gritando palavras de ordem contra a governadora. O afastamento de Martini, Cavalcante e Busatto já é tido como certo, mas ainda não foi confirmado pelo governo estadual.

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