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Deputados dizem que foram coagidos por membros do governo

Segundo os deputados, o secretário geral da Presidência, Aloysio Nunes, os recebeu para tratar do Projeto Alvorada. Mas a tônica da conversa foi a "reavaliação" sobre as assinaturas no requerimento da CPI Mista da Corrupção.

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois deputados do PMDB de Tocantins, Igor Avelino e Oswaldo Reis, denunciaram hoje a Secretaria Geral da Presidência da República de ter tentado coagi-los a retirarem suas assinaturas do requerimento de criação da CPI da Corrução, proposta pelos partidos de oposição. Inicialmente, segundo eles, foi o secretário de Assuntos Federativos do governo federal, João Faustino, ligado à Secretaria Geral, de tê-los sondado sobre a possibilidade de tirarem suas assinaturas do requerimento. E ontem à noite, o próprio Aloysio Nunes teria tentado conversar com eles sobre o assunto, mas eles não lhe deram chance para isso e se retiraram da sala dele, após uma rápida conversa. Avelino relatou, em entrevista concedida hoje, que fazia cerca de 30 dias ele vinha tentando uma audiência com o Aloysio Nunes para conversar sobre o Projeto Alvorada, do governo do Tocantins. Mas o pedido não era atendido. Na quinta-feira passada, segundo relato de Avelino, João Faustino ligou para ele e lhe pediu para ir ao Palácio do Planalto. O deputado disse ter pensado que seria para tratar do Projeto Alvorada. Mas, quando chegou ao Palácio, Faustino lhe perguntou diretamente se havia a possibilidade de ele reavaliar sua decisão de assinar o requerimento de criação da CPI. "Na argumentação, Faustino usou a estabilidade do Senado e a crise na Argentina para tentar me convencer de que não era o momento para CPI", afirma Igor Avelino, que disse a Faustino que não havia a possibilidade de ele retirar a sua assinatura, que ele fora um dos primeiros do PMDB a assiná-la e que se tratava de uma decisão ideológica. Segundo ele, não houve nenhuma tentativa de barganha, até porque o PMDB de Tocantins não tem nenhum cargo no governo federal. Por seu turno, o deputado Oswaldo Reis relatou que foi chamado na sexta-feira por Faustino, a quem já conhece há mais tempo, porque o secretário também já foi deputado federal. "Talvez por isso ele não foi tão direto como com meu colega para pedir que eu retirasse a assinatura", disse Oswaldo Reis. Mas, segundo ele, Faustino perguntou se o PMDB tinha feito algum tipo de reunião para decidir se iria assinar em bloco o requerimento de criação da CPI. Ele respondeu que não, que era uma decisão individual dele. "Fui firme e disse que o PMDB não fez esse tipo de reunião e, se fizesse, eu não iria, pois não retiraria minha assinatura", afirmou o deputado. Depois disso, não houve novos contatos, mas, ontem à noite, Igor Avelino voltou a telefonar para cobrar a audiência com Aloysio Nunes, e a secretária avisou que o ministro receberia a ele e Oswaldo Reis, às 21 horas. Chegando ao gabinete de Nunes, Igor, conforme seu relato, começou a discorrer sobre o Projeto Alvorada, e os dois deputados pediram que as verbas verbas federais para o projeto sejam rateadas entre os municípios, em vez de ser direcionados para o governo estadual do Tocantins. Segundo os deputados, o ministro não parecia muito interessado no assunto, mas disse que eles tinham razão quanto à verba para o projeto. Em seguida, ainda conforme relato dos dois parlamentares, Aloysio perguntou: "O João Faustino já conversou com vocês?" Em seguida, indagou se houvera reunião no PMDB para tirar uma posição única quanto à assinatura de apoio à CPI da Corrupção. Igor disse que não. Nesse momento, o deputado Oswaldo Reis disse que se levantou bruscamente, e ambos se despediram e saíram da sala do ministro, não dando chance para ele fazer qualquer pergunta sobre a retirada de suas assinaturas do requerimento de criação da CPI.

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