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Deputados dão apoio a Moraes

Parlamentares defendem ex-relator e atacam imprensa

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

O deputado que se lixa para a opinião pública fez escola. Ontem, Sérgio Moraes (RS) ouviu palavras de apoio de muitos colegas do PTB, quase sempre na mesma linha do parlamentar gaúcho de atacar a imprensa. "Vejo esta Casa de joelhos para a imprensa, para prejudicar um colega nosso", bradou o deputado Ernandes Amorim (PTB-RO). "Não viemos aqui (ao Congresso) para sermos expostos a todo momento." O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), não gostou da comparação de Amorim e se sentiu diretamente criticado. "O único lugar onde me ajoelho é na Igreja do Senhor do Bonfim", reagiu. Petebista e gaúcho como Moraes, o deputado Paulo Roberto perguntou: "Qual de nós não foi vítima da imprensa?" Referindo-se a setores da mídia, o deputado ensaiou uma tese. "Fica a impressão de que existe um problema pessoal em relação ao nobre deputado Edmar Moreira", afirmou. Pedro Fernandes (PTB-MA) defendeu o relator destituído, mas disse pensar de forma diferente dele. "Tenho medo da imprensa, da opinião pública. Obedeço à opinião pública", declarou, antes de pedir uma solução negociada entre Moraes e Araújo. Outro defensor de uma saída menos traumática do relator, Abelardo Camarinha (PSB-SP) também deixou sua frase de efeito: "A opinião pública elegeu Hitler, Mussolini e Collor. E absolveu Barrabás." O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), insistiu em que a saída de Moraes da relatoria "pela força" parecia "coisa da ditadura". "Já vi gente no Congresso dizendo que ia bater de cinto em jornalista. Já vi defenderem a pena de morte. Não concordo, mas tem de respeitar", afirmou o deputado goiano. Nenhum petebista que defendeu Moraes na tarde de ontem pertence ao Conselho de Ética. Os colegas foram à reunião dar apoio e prestigiar o relator destituído. Na terça-feira, o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), inaugurou a tropa de choque em defesa do deputado gaúcho. Vaccarezza rejeitou a interpretação de que Moraes emitira um prejulgamento ao dizer que não via motivos para condenar Edmar Moreira. "Acho que o deputado (Moraes) não pode ser punido pela declaração dele. Não concordo com o achincalhamento público. O deputado tem imunidade parlamentar para falar o que pensa. Não quer dizer que eu concorde com ele", afirmou Vaccarezza.

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