PUBLICIDADE

Deputados culpam imprensa por desgaste da convocação

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de vinte dias, os deputados do Conselho de Ética da Câmara voltaram do recesso dentro da convocação extraordinária inconformados com a péssima repercussão que o descanso provocou. Voltaram-se contra a imprensa, com reclamações para todos os lados e juras de que estavam longe de Brasília, mas não deixaram de trabalhar. "O conselho foi o vilão da convocação, absurda nos gastos, bizarra na forma e pretensiosa na pauta. Nós ficamos como gazeteiros. Estou com tanta ira santa, que vou caprichar ainda mais no meu relatório", disse o deputado Chico Alencar (P-SOL-RJ), que na próxima quinta-feira apresentará o parecer do processo de cassação da mandato de Wanderval Santos (PL-SP). "O conselho virou a Geni, a convocação assombra, perambula como se fosse um zumbi acompanhado da mula-sem-cabeça", reclamou Edmar Moreira (PFL-MG), relator do caso do petista José Mentor (SP). "Não deixamos de trabalhar nem um minuto", reforçou o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), que não aceitou o termo usado por Chico Alencar. "Não é verdade que o conselho foi o vilão da convocação. Só esta semana vamos encerrar quatro processos", prometeu Izar. O petebista Nelson Marquezelli (SP) registrou seu protesto: "É impressionante como a Câmara, diferente do Senado, fica, ano a ano, mais submissa à imprensa." Marcelo Ortiz (PV-SP) era outro revoltado. "Vamos ter que provar para a imprensa que trabalhamos muito. O Judiciário vai receber R$ 24.500, enquanto nós continuaremos apenas com os R$ 12 mil. E ninguém acredita que recebemos R$ 9.100 líquidos por mês", fez as contas. Ortiz considerou o conselho injustiçado. "Vamos parar com agressão ao conselho, vamos arrumar outro bode expiatório que não seja o Conselho de Ética", afirmou. Depois da imprensa, as baterias voltaram-se contra os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), embora os nomes não tenham sido citados uma única vez. Izar disse que pediu convocação extraordinária a partir da primeira semana de janeiro, e não de 16 de dezembro, como está em vigor. O ideal, segundo o petebista, seria convocação plena, com presença de todos os parlamentares, o que só acontecerá na próxima segunda-feira. "O conselho é o órgão que mais trabalhou na convocação extraordinária. A convocação foi feita da maneira que não podia. O conselho depende do plenário, porque os prazos são contados por sessões ordinárias", disse Izar em defesa do conselho. Cassações Com a retomada dos trabalhos no conselho, o deputado Pedro Corrêa (PP-PE) é o próximo da fila de cassações. Embora o relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) insista em não revelar sua conclusão, é certo que será pedida a punição máxima ao presidente do PP, partido que, segundo o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, recebeu R$ 4,1 milhões do esquema de caixa 2. O relatório de Sampaio será entregue ao presidente do conselho na próxima quinta-feira e, se houver quórum para sessão ordinária na próxima segunda-feira, no mesmo dia o relator lerá o voto para os colegas conselheiros, que votam o parecer. O mais provável é que haja pedido de vistas (tempo para análise) e Pedro Corrêa ganhe prazo de mais duas sessões ordinárias. Na quinta e na sexta, serão concluídos ainda os relatórios dos processos de Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e Wanderval Santos (PL-SP). Apesar de haver depoimentos de testemunhas de outros casos na semana que vem, Ricardo Izar quer pôr em votação no conselho os quatro processos, mas o mais provável é que eles sejam votados somente na semana seguinte. As votações no plenário da Câmara, que aprova ou rejeita os relatórios do Conselho de Ética, devem acontecer na primeira semana de fevereiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.