BRASÍLIA – Deputados e senadores criticaram a atitude do presidente Jair Bolsonaro de ter participado da manifestação pró-governo hoje da área externa do Palácio do Planalto, interagindo com manifestantes. "As consequências do ato de Bolsonaro hoje vão além do ataque à democracia. Trata-se de uma irresponsabilidade sem tamanho, uma ameaça à vida das pessoas, expostas a um vírus que tem matado milhares ao redor do mundo", o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ).
O presidente da comissão que trata da segunda instância na Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM) disse que a participação do presidente hoje ao Palácio do Planalto mostra falta de compromisso com a agenda econômica. “Deixa claro que ele não tem nenhuma responsabilidade com a agenda econômica do país. Se estivesse, estaria procurando unir o povo em torno dela e não dividir o povo em torno de pautas antidemocráticas e secundárias”, disse Ramos.
Parlamentares de partidos de direita e centro também criticaram a atitude do presidente Jair Bolsonaro neste domingo. Ele participou da manifestação pró-governo em Brasília e interagiu com manifestantes.
O líder do Solidariedade na Câmara, Zé Silva (MG), disse que “muito mais importante do que a gente fala é o que faz”. A presidente da Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), também foi sucinta nas palavras. Ela disse apenas que deixa "a fotografia e história falarem por si".
A líder do PSL na Câmara, ex-partido de Bolsonaro, Joice Hasselmann (SP), disse que a atitude de Bolsonaro é incompreensível. “Não dá pra entender o comportamento irracional do presidente”, disse. “Ou é maluquice ou irresponsabilidade. Nem Freud explica”, afirmou.
O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), classificou o comportamento do presidente como o de um “bufão”. “Uma palhaçada com uma coisa tão grave como essa”, disse. Alencar, que é médico e ex-secretário de Saúde na Bahia, disse que irá encaminhar um pedido aos presidentes do Senado e Câmara amanhã pedindo que os R$ 30 bilhões de emendas, os quais a gestão ainda é disputada entre Congresso e Executivo, sejam destinados à saúde para combater o avanço do coronavírus.
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), também fez críticas. "Não ajuda neste momento que nós estamos vivendo tantos desafios", disse. O emedebista, no entanto, afirmou que a manifestação não altera a relação entre Executivo e Legislativo. "Ele (o presidente) tem um estilo. A essa altura, o Congresso já sabe o que esperar. Acho que não muda nada, não."
Bolsonaro passou de carro ao lado de manifestantes no ato pró-governo deste domingo, 15, na Esplanada dos Ministérios e, na volta, foi ao encontro de apoiadores no Palácio do Planalto, onde cumprimentou e conversou com manifestantes por quase uma hora e meia.
Durante a manhã, vídeos e fotos sobre as manifestações foram postadas no Twitter do presidente. Em uma delas, sem autoria, era possível ler faixas 'Fora Maia', em referência ao presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), 'Fora STF' e 'SOS Forças Armadas'. Bolsonaro identificava a imagem como sendo de Maceió, Alagoas. A foto foi apagada da conta de Bolsonaro.