Deputados criticam atitude de Greenhalgh contra repórter

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Por Ana Paula Scinocca
Atualização:

Parlamentares reagiram com indignação à tentativa do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh de conseguir na Justiça direito a busca e apreensão na casa do repórter do Estado, Leonencio Nossa, da Sucursal de Brasília, com o objetivo de obter documentos sobre a guerrilha do Araguaia. "Isso é inédito até pelo comportamento dele (Greenhalgh) e seu envolvimento com a questão dos direitos humanos", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, o tucano ainda afirmou que a atitude do ex-deputado "é contraditória". "Na CPI ele quer manter o sigilo e fora dela quer ter acesso ao sigilo da fonte do repórter. Ele deveria ter essa disposição para esclarecer as dúvidas sobre ele", afirmou. Greenhalgh, que presta serviços para o grupo do banqueiro Daniel Dantas, foi flagrado em grampo telefônico pedindo para o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, "dar uma olhada lá" e checar se havia uma operação em curso contra Dantas. Dias depois a Operação Satiagraha foi deflagrada pela Polícia Federal (PF). Aliados do Planalto conseguiram barrar na CPI a convocação de Greenhalgh. Presidente da CPI, o deputado Marcelo Itagiba (PMBD-RJ), classificou como "absurda" a investida de Greenhalgh contra o repórter. "Isso é uma violência. Mesma violência seria praticada se alguém tentasse entrar no escritório dele e pegar documentos confidenciais de seu cliente", disse. O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), disse ter visto com "pesar" a atitude do ex-deputado. "Vejo com pesar e até certa frustração. Ele foi presidente da Comissão de Justiça e tinha um discurso no Congresso que agora contraria sua própria história na Casa. É uma atitude de violência e também uma afronta ao direito de informação, que no Brasil é um direito constitucional", declarou.

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